Partido dos Trabalhadores

Partido dos Trabalhadores

terça-feira, 11 de agosto de 2020

NO DIA DA ESTUDANTA E DO ESTUDANTE UNE FAZ 83 DE EXISTÊNCIA LUTAS

 Nesse dia, terça-feira, e nessa data, 8 de agosto, a Une (União Nacional das Estudantas e dos Estudantes) completa 83 anos de atuação em nome das juventudes brasileiras. O aniversário da Une e a rememorações da data - Dia do Estudante - fazem a população  

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Juventude, JUVENTUDES

Com este artigo do professor Alexandre Barbosa Pereira, uma das boas leituras e reflexões que se poder fazer nesse agosto, o PT são-sebastiãoense homenageia a vocês, juventudes, deste Município, Estado e Brasil, nessa data.

Então, feliz Dia da Estudanta e do Estudante!.

Com juventudes, o antropólogo buscar demonstrar a importância de compreender as muitas diversidades de cada faixa etária e de cada período histórico.

Boa leitura e reflexões e que nessas eleições cada de nós reflita muito bem sobre os ontens, hojes e futuros, de nós e semelhantes 

A juventude não existe de forma isolada. É preciso pensá-la em contraposição e em relação às outras faixas etárias e gerações e contextualizá-la socialmente. As juventudes apresentam elementos comuns e de diferenciação. Atentar para esses aspectos pode ser crucial para discutir as políticas públicas voltadas para esse segmento e, talvez o principal, problematizar as especificidades do papel da instituição escolar no mundo atual.



Diversidade das juventudes é fundamental para gerar política públicas amplas. Fotos: José Cruz/ABr

Discutir a juventude na contemporaneidade leva-nos a tomar duas precauções importantes: entender que a noção de juventude é uma construção social e cultural e, além disso, bastante diversificada; e compreender que a noção de juventude não pode ser definida isoladamente, mas a partir de suas múltiplas relações e contextos sociais.

Nesse sentido, pensar a ideia de juventude é pensar sobre condições de gênero, raça, classe social, moradia e pertencimento religioso. E, o principal, contextualizá-la historicamente, como integrante de uma geração específica que se relaciona com outras gerações. Por isso, como já tem sido bastante reiterado pelos especialistas, não é possível falar no jovem atual, mas nos diferentes modos de vivenciar a juventude na contemporaneidade.

“A ‘juventude’ é apenas uma palavra”, afirma Bourdieu, ao abordar a noção de juventude. Para ele, as divisões entre as idades seriam arbitrárias: “Somos sempre o jovem ou o velho de alguém”. Sendo assim, os cortes, em classes de idade ou em gerações, teriam uma variação interna e seriam objeto de manipulação. Portanto, juventude e velhice não seriam dados, mas construções sociais oriundas da luta entre os jovens e os velhos. Dessa maneira, as relações entre idade biológica e social seriam muito complexas. Pode-se apreender, portanto, que tal noção configuraria um elemento que faz sentindo somente no contraste entre os mais novos e os mais velhos.

Entretanto, para outros autores estudiosos da juventude e de suas práticas, seria mais que uma palavra. Em texto cujo título já apresenta um contraponto a Bourdieu – “A juventude é mais que uma palavra” –, Mario Margulis e Marcelo Urresti propõem a superação de considerações sobre a juventude como mera categorização por idade, com características uniformes: “A condição histórico-cultural de juventude não se oferece de igual forma para todos os integrantes da categoria estatística jovem” (tradução  minha). Para eles, a discussão feita por Bourdieu leva à percepção da juventude como “mero signo”, como “uma construção cultural desgarrada de outras condições”. Assim, a noção, como definida por Bourdieu, é desvinculada de seus condicionantes históricos e materiais.

Os dois autores reforçam a necessidade de atentar para o modo como a condição de juventude manifesta-se de forma desigual conforme outros fatores, como classe social e/ou gênero. Não se constitui, portanto, um conceito unívoco. Contudo, ressaltam que assim como não se deve considerar apenas os critérios biológicos de idade para definir juventude, não se pode também levar em conta apenas os critérios sociais.

Para se pensar as peculiaridades da juventude em relação às outras gerações e mesmo às especificidades internas aos diversos modos de vivenciá-la, os dois autores trabalharam com as noções de moratória social e moratória vital. Inspiraram-se na discussão feita por Erik Erikson, cuja ideia de moratória, entendida como um período de suspensão de obrigações e responsabilidades, é defendida como elemento importante para permitir aos jovens fazer suas escolhas e experimentar o mundo.

Segundo Margulis e Urresti, a partir dos séculos 18 e 19 a juventude, como uma etapa da vida, passou a ser vista também como uma camada que detém certos privilégios. Constituiria, então, um período, antes da maturidade biológica e social, marcado por uma maior permissividade, configurando, dessa forma, a moratória social do qual desfrutam alguns jovens privilegiados por pertencer a setores sociais mais favorecidos. Para os que têm tal privilégio, o ingresso na vida adulta, com as exigências requeridas para a entrada na maturidade social, é cada vez mais postergado pelo aumento do tempo de estudo.

Dessa forma, os jovens das camadas populares, devido, entre outras coisas, ao ingresso prematuro no mercado de trabalho e à assunção de obrigações familiares (casamento, filhos etc.) em idade reduzida, teriam sua moratória social diminuída e, por consequência, uma vivência juvenil diversa da dos mais abastados. Os jovens das classes populares “carecem de tempo e dinheiro – moratória social – para viver um período mais ou menos prolongado de relativa despreocupação” (tradução minha).

Por outro lado, Margulis e Urresti apontam ainda a existência de uma moratória que consideram complementar à social: a moratória vital. Um período da vida em que se possui um excedente temporal, um crédito, algo que se tem economizado. Um elemento que se tem a mais e do qual se pode dispor que os não jovens teriam mais reduzido: um certo “capital temporal” ou “capital energético”.

“Daí a sensação de invulnerabilidade que caracteriza os jovens, sua sensação de segurança: a morte está longe, é inverossímil, pertence ao mundo dos outros, às gerações que os precederam” (tradução minha). E sobre essa moratória também aparecerão as diferenças sociais e culturais, de classe e/ou de gênero no modo de ser jovem.

Haveria, no entanto, a ênfase de alguns enfoques sobre a temática da juventude apenas na moratória social, que, por isso, tenderia a restringir a condição de juventude aos setores médios e altos. Isso porque se ocultaria ou se esqueceria este outro lado, definido como moratória vital, comum a todas as classes. Para esses dois autores, a moratória social definiria então uma certa noção de juvenil que se expressaria por certos aspectos estéticos e configuraria um certo privilégio de determinadas classes sociais mais abastadas.

Já a moratória vital definiria uma noção fática de ser jovem comum a todas as classes sociais, marcada pela energia do corpo e pela distância da morte. Com isso, ressaltam a especificidade de classe nas definições do que é ser jovem. Há classes nas gerações, assim como há gerações nas classes. Contudo, ressaltam igualmente a especificidade de gênero na definição de juventude: “A juventude depende também do gênero, do corpo processado pela sociedade e pela cultura; a condição de juventude se oferece de maneira diferente para o homem e a mulher” (tradução minha).

Há que salientar ainda o que talvez seja o caráter mais importante da definição da juventude na contemporaneidade: sua supervalorização. Ser jovem, hoje, é um dos maiores desejos. E ser jovem implica modificar o corpo numa tentativa de retardar o envelhecimento, mas também tentar desfrutar um estilo juvenil, marcado pelo consumo de determinados bens materiais e simbólicos.

Ocorre, assim, a extensão do que seria a faixa etária entendida como jovem, tanto para cima quanto para baixo: as crianças se tornariam jovens ou adolescentes cada vez mais cedo e os jovens adultos envelheceriam cada vez mais tarde. Já é fenômeno bastante estudado no contexto europeu o adiamento da saída da casa dos pais, por exemplo.

Acontece, entretanto, que mesmo esse fenômeno não pode ser generalizado, pois não é possível apreender a ideia de juventude de forma isolada. É preciso, por um lado, como afirma Bourdieu, pensá-la, ao mesmo tempo, em contraposição e em relação às outras faixas etárias e gerações e, por outro, contextualizá-la socialmente.

As juventudes, portanto, apresentam elementos comuns e de diferenciação. Atentar para esses aspectos pode ser crucial para discutir as políticas públicas voltadas para esse segmento e, talvez o principal, problematizar as especificidades do papel da instituição escolar no mundo atual.

>Alexandre Barbosa Pereira é doutor em Antropologia Social

Referências

BOURDIEU, Pierre. “A juventude é apenas uma palavra”. In: Questões de Sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983, p. 113.

ERIKSON, Erik. Identity: Youth and Crisis. New York: Norton, 1968.

MARGULIS, Mario (org.). La Cultura de la Noche: La Vida Nocturna de los Jóvenes en Buenos Aires. Buenos Aires: Espasa Calpe, 1994.

MARGULIS, Mario; URRESTI, Marcelo. “La juventud es más que una palabra”. In: Margulis, M. (org.). La juventud es Más Que una Palabra. Buenos Aires: Biblos, 1996, p. 25.

 https://teoriaedebate.org.br/2012/04/12/juventude-juventudes/

sábado, 8 de agosto de 2020

MUDAR O JOGO OU MUDAR O JOGADOR?

EIS A DIFERNÇA!

As eleições vêm aí e nelas vai se decidir como será o município nos próximos 4 anos. Por conseguinte, se a intenção da população for “mudar a política”, um dos temas a debater é a transparência.

Essa quase omitida ou silenciada transparência pode ser administrativa ou pode ser legislativa. São dois itens que mais deveriam ser debatidos e exigidos por cada pessoa e mesmo pelo próprio eleitorado.

Se o prefeito ou a prefeita ou quem estiver na administração ou na mesa da câmara praticar a transparência, todos ficam sabendo quanto dinheiro chega à prefeitura e quanto dinheiro vai para a câmara e para quê.

Com a transparência, a população fica sabendo como, porque, onde, quanto e com quem os dinheiros são gastos, além de conhecer quanto eles somam em cada mês e em cada ano. Com a transparência os dinheiros para exames, habitação, remédios, aumento para servidores, consultas, creches, segurança, merenda etc. não faltarão.

Mas por que a situação e parte das oposições deixa mudo o tema transparência?

Porque não se quer realmente mudar a política, o modo do jogar administrativo nem o modo de jogar legislativo. 

Apenas se quer mudar o jogador do time executivo – ou melhor, o prefeito - e os jogadores e as jogadoras da mista equipe do legislativo. Assim, no time executivo, nada mudará. Algo que se pode dizer sei receio de errar, dado o comportamento do time da situação, há anos com os maus jogadores. Também praticamente nada mudará no time do legislativo, dadas as atitudes de quem já está no jogo e de que está no elenco e mesmo já no "banco". 

Se alguém for pesquisar as atitudes, ações, omissões ou procederes de quem quer está na equipe legislativa, irá perceber até claramente que não há jogadores ou jogadores com reais possibilidades de melhorar a equipe. Portanto, os esquemas de jogos no executivo e no legislativo continuarão os mesmos. 

Eis a razão por que sempre aparece o desencantoso “nada muda” ou o “muda muito pouco”. Daí sempre sair a conhecida exclamação desalentosa: “nada melhorá!”

Não melhora porque realmente não se votou para mudar a política – a estratégia e a tática da partida. Se votou apenas para um “mudar eleitoral”, trocando-se apenas o nome gestor ou os nomes de legisladores e fiscalizadores. 

Parece que se quer colocar em campo apenas um jogador descansado ou uma jogadora descansada, deixando-se a partida administrativa e a partida legislativa continuarem do mesmo jeito.

Então, em 15 de novembro, vamos votar para mudar a política ou votar só eleitoralmente para só mudar os jogadores e as jogadoras das duas equipes?


>Redação: Paulo Bomfim - Presidente do PT-SS-AL
Contatos – Imeio: ptssal@bol.com.br – Blogue: ptssal.blogspot.com

PT PRATICA TOTAL TRANSPARÊNCIA SOBRE OS DINHEIROS PARA COMBATER O CORONAVÍRUS E A COVID-19

Só o Município Inhapi, na região central do Alto Sertão alagoano, administrado pelo PT, pratica a efetiva transparência político-administrativa, quanto à utilização dos dinheiros para enfrentamento ao coronavírus e à covid-19.

As informações foram divulgadas pelo Focco-AL (Fórum de Combate à Corrupção de Alagoas), após avaliar os portais de transparência dos 102 municípios alagoanos, quanto à utilização e à exposição de como são gastos os dinheiros para combater a mortandade, que nessa data passou de 100 mil mortos e mortas, no Brasil.

O completo estudo do Focco-AL pode ser lido e impresso em http://www.foccoalagoas.org/2020/08/levantamento-do-foccoal-aponta-baixa-transparencia-em-99-dos-municipios-alagoanos/

Como já sabido e esperado, a administração Zé Pacheco-Erivânio Curtinho, médicos, não cumpre a legislação de transparência e está entre as 80 piores.

O esconder das informações, explica o porquê do Município São Sebastião não ter exames, remédios, equipamentos etc. para todos e todas, apesar de administrado por um médico há 16 anos, e há 4 anos, por 2 bons médicos.

Mas...

Há algo que muito precisa de reflexão da população.

Para as próximas eleições 5 candidaturas a prefeito estão postas e em pré-campanhas.

Mas...

Qual delas realmente se comprometem com a transparência administrativa?

Eis uma das questões muito importante para a população são-sebastiãoense decidir.

Abaixo, você pode ler e imprimir a matéria do Focco-AL.



Redação: Paulo Bomfim

Contatos - Imeio:ptssal@bol.com.br - Blogue: ptssal.blogspot.com




GENOCÍDIOS E CRUELDADES RESULTAM DAS AÇÕES E DAS OMISSÕES DE BOLSONARO

Nessa data - oito do oito - que marca mais de 100 mil mortes, continuam expostos as crueldades e os genocídios praticados de Bolsonaro e sua turma.

Mas essas ações e essas omissões deles são de antigo conhecimento de qualquer pessoa que se preocupa com melhores condições sociais e com a existência de direito sociais, que dão concretude à vida digna para todas e todos.

Crueldades!? 

Sim, basta lembrar do veto ao projeto da lei que fixavam uma indenização de R$50 mil reais a profissionais da saúde que ficarem permanentemente incapacitadas(os), em razão do seu trabalho na pandemia. Ou o pagamento da referida indenização à família de cada profissional, se ele ou ela veio a falecer. Além desse veto, diversas outras situações podem ser citadas.

Genocídios!?

Sim, basta um questionamento pessoal de cada de nós sobre as situações que levaram à morte de mais de 100 mil pessoas, já nessa manhã desse 2º sábado de agosto, às vésperas do Dia dos Pais-mãe e das Mães-pai.

Para compreender esses genocídios evidentes, basta verificar o baixíssimo gasto dos dinheiros emergenciais para enfrentar o coronavírus. Essa baixíssima “execução orçamentária” ou o pouco dinheiro que foi investido nos serviços de saúde para enfrentamento do coronavírus.

Algo assim: de cada R$10 reais foram gastos apenas R$3. Mas os banqueiros receberam “R$9 de cada R$10 reais”. Uma análise às aprovações dos dinheiros e às utilizações deles, comprova ou, no mínimo, dá indicações de o porquê das 100 mil mortes.  

A seguir leia uma esclarecedora matéria publicada na página nacional do PT sobre o veto aos R$50 mil reais. 

"HERÓI DA LINHA DE FRENTE, PROFISSIONAL DA SAÚDE É DESPREZADO POR BOLSONARO

Presidente vetou projeto de lei que estabelece compensação financeira de R$ 50 mil para médicos, enfermeiros e técnicos incapacitados permanentemente por causa da Covid-19 e para famílias de trabalhadores que morreram em decorrência da doença.

Bancada petista na Câmara denuncia crueldade. “Na caneta do presidente Bolsonaro veio um tapa no rosto de cada trabalhador de saúde”, critica Alexandre Padilha (PT-SP), coautor do projeto com Reginaldo Lopes (PT-MG).

“O veto (ou não concordar com a aprovação do projeto) mostra o desrespeito do presidente com quem está na linha de frente de combate ao vírus. Para Bolsonaro, é cada um por si e Deus por todos e todas. Só não mexam com a família dele”, diz José Guimarães (PT-CE), líder da minoria.


Expostos diariamente à letalidade do coronavírus, trabalhadores da área de saúde que atuam na linha de frente precisam enfrentar a pressão do risco de uma contaminação a todo momento enquanto lutam para salvar vidas. Ignorando o sacrifício de auxiliares, técnicos de enfermagem e de médicos no momento mais grave da crise sanitária, o presidente Jair Bolsonaro voltou a abrir o saco de maldades de seu governo para vetar Projeto de Lei 1826/2020, que estabelece  compensação financeira de R$ 50 mil para profissionais de saúde incapacitados permanentemente por causa do Covid-19.

Além de trabalhadores de saúde, o projeto de autoria do deputado  Reginaldo Lopes (PT-MG) determina que a União também pague a indenização a dependentes do profissional em caso de óbito. “Desde o princípio, Bolsonaro negligenciou o combate à pandemia”, denuncia Lopes.

“Ele descumpriu recomendações de saúde e incitou aglomerações, fez de tudo para atrapalhar a vida dos trabalhadores e trabalhadoras que se dedicam a salvar vidas. Agora, veta o projeto que foi aprovado para garantir indenização aos profissionais afetados diretamente pela pandemia e as suas famílias em caso de morte”, acusa o deputado.

“Na caneta do presidente Bolsonaro hoje veio um tapa no rosto de cada trabalhador de saúde”, critica o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), coautor do projeto. “Em nenhum momento, os argumentos do veto foram apresentados durante a tramitação do projeto no Congresso Nacional, o que é uma postura covarde”, argumenta.

Não é a primeira vez que Bolsonaro exibe sua perversidade contra o povo brasileiro. Em julho, ele vetou dispositivos do Projeto de Lei 1142/2020, da deputada federal Rosa Neide (PT-MT), que garantia medidas emergenciais voltadas aos povos indígenas. Entre outros vetos, Bolsonaro retirou a obrigação do acesso das aldeias à água potável e do fornecimento de materiais de higiene, de limpeza e de desinfecção de superfícies em aldeias ou comunidades indígenas.

Também no início do mês passado, ao sancionar lei que estarrece uso de proteção facial no país, o presidente vetou a obrigatoriedade do uso da máscara de em sedes de órgãos e entidades públicas e em estabelecimentos comerciais, industriais, templos religiosos, instituições de ensino e outros locais fechados em que haja reunião de pessoas. Ao justificar os vetos, alegou, entre outras razões, que a obrigatoriedade “incorre em possível violação de domicílio”.

Para Padilha, a atitude de Bolsonaro confirma uma postura genocida “de um presidente que acredita que a população tem que ser infectada o mais rápido possível”. No caso dos profissionais de saúde, acrescentou: “Além da postura genocida, é demonstra profundo desprezo ao esforço dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde que estão se expondo nesse momento”.

“O veto de Bolsonaro à indenização aos profissionais de saúde incapacitados pela Covid-19 foi cruel”, afirma o líder da Minoria na Câmara dos Deputados, deputado  José Guimarães (PT-CE). “Mostra o desrespeito do presidente com quem está na linha de frente de combate ao vírus. Para Bolsonaro, é cada um por si e Deus por todos. Só não mexam com a família dele”, atacou Guimarães.

A bancada petista na Câmara prometer lutar para derrubar o veto presidencial. “A pergunta é: se fosse para os militares, a decisão seria a mesma?”, questiona a deputada  Professora Rosa Neide (PT-MT)."

https://pt.org.br/heroi-da-linha-de-frente-profissional-da-saude-e-desprezado-por-bolsonaro/

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

ÓDIO E POLÍTICA NO BRASIL ATUAL

 O gabinete do ódio resulta, em síntese, do brutal processo de inoculação do ódio na sociedade brasileira. O recurso atual ao ódio deriva da histórica postura antidemocrática das classes dominantes. Os muitos episódios de violência à esquerda, ao PT, demonstram os efeitos da fabricação cotidiana do ódio, durante anos.

Nada surpreendente as recentes revelações jornalísticas, que têm vinculado o chamado gabinete do ódio ao Palácio do Planalto. Tais conexões resultam coerentes com o longo processo de acionamento e construção do ódio desenvolvido no Brasil desde, pelo menos, de 2005. Este processo de 15 anos, como nunca, sedimentou o ódio no cenário político e, a partir de 2019, instalou o ódio no cerne do governo federal. Emblemático recorrer à expressão gabinete do ódio para designar o ponto de chegada do fazimento, que viabilizou a extrema-direita ocupar o poder federal, com seu culto ao ódio, estímulo à violência e projeto de implantar mais uma ditadura no Brasil. Cabe tentar desvelar, mesmo parcialmente, a genealogia do mal.

O ódio não poder ser, infelizmente, desconsiderado no cenário político nacional. O Brasil é uma sociedade perpassada pelo autoritarismo estrutural, mesmo nos intitulados períodos democráticos. Tal violência deriva de diversas raízes. Nelas possuem lugar de destaque: os quase 400 anos de brutal escravidão, que perfazem aproximadamente dois terços da vida brasileira, e a enorme desigualdade social existente, associada ao passado escravista, ainda vivo no Brasil. Apesar dessas tragédias sociais, nem sempre o ódio aflorou de modo tão explícito, quanto no contexto atual. Ele, em outros instantes, não ocupou o lugar de centralidade, que adquiriu nos tempos atuais. Hoje o ódio passou a ser acionado quase sem limites. Ele transpassa o Brasil.

A presença escandalosa do ódio e as frágeis limitações para sua utilização turvam completamente o que restou de ambiente democrático no país, abalado, a ferro e fogo, pelo golpe midiático-jurídico-parlamentar de 2016 e pelas eleições não democráticas de 2018. O ódio transforma os adversários em inimigos. Em inimigos a serem destruídos. O respeito à divergência de opiniões entre adversários políticos, condição imprescindível para existir a democracia, está quase abolido. Em seu lugar, a cena fica contaminada pela construção incessante de inimigos, a destruir. Estão quase interditados a pluralidade, o confronto e o debate de posições políticas diferenciadas. Ou seja, a vida democrática. As ameaças e violências contra os que pensam, agem e são diferentes se tornam banais. O assassinato de Marielle Franco no centro de uma das maiores metrópoles brasileiras representa as muitas violências e mortes, que dilaceram a civilidade e a República no país.

A democracia brasileira tem sido frágil e de baixa densidade, devido ao autoritarismo estrutural, que a corrói, e a enorme desigualdade social, que a corrompe, ao excluir parte significativa da população dos direitos de cidadania. Ela,em muitos períodos, funciona como uma democracia apenas formal, quase de fachada, sem possibilitar participação e direitos para uma grande parcela do povo, quase sempre marginalizada da vida nacional. Nas parcas oportunidades em que a democracia ameaçou se transformar também em uma democracia mais substantiva, garantidora de direitos, as classes dominantes não tiveram nenhum pudor de recorrer aos golpes, de variados tipos, para destruir a débil democracia.

O recurso atual ao ódio como componente, nada desprezível, do atual contexto nacional deriva dessa histórica postura antidemocrática das classes dominantes. Ele não nasceu nas redes sociais, nem nos setores da extrema-direita, como muitos querem fazer crer para se eximir de suas responsabilidades. Por óbvio, já existia uma grande dose de ódio na extrema-direita, pois o ódio é e sempre foi um traço imanente de sua própria existência. Mas o ódio estava circunscrito aos membros dessa fracção e aos nichos autoritários, que existem na sociedade brasileira. Esse ódio latente, algumas vezes, era até rechaçado em público por entes políticos de centro e mesmo de direita. Certa civilidade parecia possível na arena política desde o final da ditadura civil-militar de 1964, ainda que a débil democracia conquistada se apresentasse, em demasia, complacente com atos, ideias e gestos autoritários, que traduziam ódio e violência.

A incapacidade política dos partidos de direita de vencerem as eleições de 2002, 2006, 2010 e 2014 levou tais segmentos mais uma vez a abandonar qualquer compromisso com a democracia e apelar para atitudes antidemocráticas, visando tomar o poder político federal. Apesar de recorrerem ao ódio para agredir a democracia, os agentes políticos não foram os maiores responsáveis por sua fabricação. O golpe de 2016 só foi possível de ser construído pela intensa produção de ódio, desenvolvida desde 2005, por outros segmentos da sociedade, além dos políticos, partidos e poderes, que se mobilizaram para realizar o golpe contra a democracia.

O núcleo central da fabricação do ódio foi a grande mídia, que de modo quase unânime, buscou inocular o veneno cotidiano na população brasileira. A revista Veja, que em outros momentos primou pelo jornalismo de qualidade, se transformou em um panfleto semanal regado a sangue. Sua emblemática capa com a cabeça de Lula banhada em sangue sintetiza o “jornalismo de campanha”, na expressão utilizada por Emiliano José, que tomou conta e corrompeu a revista. A Rede Globo, por meio de sua potente audiência, junto com o SBT, a Record, a Bandeirantes, O Estado de S. Paulo, a Folha de S. Paulo, O Globo, a revista Época, a Isto É, a rádio Jovem Pan e muitos outros órgãos da dita grande imprensa, participaram ativamente da campanha de produção do ódio à esquerda e, em especial, aos petistas e suas lideranças.

Para produzir tal ódio, esses veículos abandonaram a discussão das políticas públicas, boas ou ruins, dos governos de esquerda, como é papel do jornalismo em regimes democráticos. Em lugar do debate fiscalizador das políticas públicas, eles entronizaram a corrupção como principal e quase único problema nacional. O deslocamento da agenda política, retirou de cena a discussão sobre as políticas públicas, em geral bem avaliadas pela população, e colocou em foco o tema da corrupção.

Tal movimentação torna-se vital para reconfigurar do cenário político, desfavorável aos partidos de centro e de direita, que se mostravam incapazes de pôr em xeque as políticas públicas desenvolvidas, com destaque para as ligadas à inclusão social. Assim, ficavam impossibilitados de derrotar a esquerda e o PT de maneira democrática. A mudança do cenário emerge como fator fundamental para a criação de outro ambiente para a disputa política. Mais uma vez, a corrupção foi acionada no cenário brasileiro com objetivo nitidamente político. A trajetória do uso instrumental do tema da corrupção merece ser tratado em outro texto.

A associação construída, deliberada e sistematicamente, entre PT, esquerda e corrupção, desde 2005, sedimentou em uma parcela da população uma animosidade profunda contra a esquerda, os petistas e suas lideranças, quando não um visceral ódio a eles. O jornalismo de campanha da grande mídia escondeu a corrupção de muitos políticos e partidos, em especial do PSDB, do mesmo modo que ocorreu com a Operação Lava Jato, e demonizou, de maneira cotidiana, enfática e sistemática, a esquerda e os petistas como responsáveis pelo maior esquema de corrupção já visto no Brasil.

Os muitos episódios de ódio explícito e de violência à esquerda, ao PT, aos militantes e às lideranças petistas, com destaque à Lula, em diversas ocasiões e cidades brasileiras, demonstram cabalmente os efeitos da fabricação cotidiana do ódio, durante quinze longos anos. Inúmeras pesquisas confirmam o abandono dos critérios basilares do jornalismo e o caráter de mero ator político assumido pela grande mídia brasileira. A ausência do efetivo exercício jornalístico e da pluralidade de opiniões compromete, em profundidade, a vida democrática brasileira.

O ódio contaminou e polarizou a sociedade brasileira como nunca. A convivência com a diversidade política até ali muitas vezes possível no seio das famílias entrou colapso. O nível de radicalização tornou inviável a convivência. O ódio dilacerou a civilidade e os episódios de brutalidade e violência, física e simbólica, embriagaram o ambiente político, degradando ainda mais a débil democracia brasileira, já intensamente fragilizada desde o golpe de 2016.

Rememorar todo este processo, ainda em andamento, torna-se essencial para revelar os responsáveis pela fabricação do clima de ódio no atual cenário político nacional. Por óbvio, que a produção do ódio não aconteceu como mera invenção sem algum substrato. A grande mídia inventou notícias, que conseguiram mobilizar dimensões imanentes do autoritarismo estrutural presentes na sociedade brasileira. Discriminações, preconceitos, privilégios e violências de toda ordem foram acionados e estimulados pela imprensa para desqualificar a esquerda e viabilizar a tomada antidemocrática do poder federal. Hoje a grande mídia vocifera e quer responsabilizar as redes sociais como usina responsável pela produção de fake news. Certamente, ela deseja esconder suas responsabilidades como inauguradora nacional das notícias falsas no país recente.

Um efeito perverso e imprevisto para os responsáveis, na grande mídia, na política, nos poderes da República e no empresariado pelo envenenamento cotidiano dos brasileiros pelo ódio, foi a constituição de um cenário de animosidade tão antissistema da política, que terminou atingindo inclusive os aliados de centro-direita, dos quais parte significativa da grande mídia é servil porta-voz.

A dose cavalar de ódio inoculada na sociedade atingiu tal patamar, que tornou o ambiente propício para entes mais familiarizados com o ódio e a violência, permitindo a expansão da extrema-direita na política nacional até ela chegar, por eleições não democráticas, ao governo nacional. Com a extrema-direita do poder federal, associada às milícias e aos fundamentalismos, a autorização plena está dada para que o ódio e a violência, física e simbólica, invadam como nunca a vida política brasileira.

O gabinete do ódio expressa e resulta, em síntese, do brutal processo de inoculação do ódio na sociedade brasileira.

Antonio Albino Canelas Rubim é professor da Universidade Federal da Bahia. Ex-secretário de Cultura do Estado da Bahia

https://teoriaedebate.org.br/2020/08/04/odio-e-politica-no-brasil-atual/