Muita gente sabe que os atos de corrupção são
anteriores à ocupação do Brasil. Daí o porquê a ideia de “descobrimento” destas
terras passaram aos livros didáticos.
Agora, convenhamos, a corrupção também não é
um produto tipo português. Lembremos que só após 1.500 anos do início da
chamada era depois de Cristo (d.C.) é que Portugal, então em expansão, teria “achado”
o que já se sabia que existia, apenas estava faltando ocupar ou invadir ou mesmo
“descobrir”, como enganar a corrupta historiografia oficial.
Desde que “descobri” Minas Gerais, nos idos
de julho de 1974, a partir de Itaobim, Medina, Padre Paraíso, Teófilo Otini e
por Governador Valadares, deixando a BR-116, por via da BR-262, chego a Belo
Horizonte, muito “arvorizada”, indo ao Januária e voltando a Belo Horizonte,
ouvia histórias de roubos de dinheiros públicos, nas três esferas administrativas, sob o manto de diversos subterfúgios, pretextos, álibis etc..
São “Roubos” ou “desvios”, expressão mais
moderna e suavizante, que hoje estão no imenso guarda-sujeira daquilo que é
denominado de corrupção, para além da criminalmente tipificada como ativa, ao
receber dinheiro, ou como passiva, ao oferecer dinheiro, para conseguir algo de alguém agente político ou agente administrativo.
É verdade, a expressão ufanista: “Ó Minas
Gerais, quem te conhece não esquece jamais”. Eu realmente jamais esquecerei. Ali foram tempos felizes e produtivos, inclusive de um filho e de uma
filha.
Na reportagem abaixo, você poderá ler algo
sobre Minas Gerais e as artimanhas de Aécio Neves, que se revelou em uma das
piores pragas mineiras e brasileiras, nestes tempos de disseminação do ódio ao nosso semelhante.
O texto a seguir foi publicado na revista
Fórum – uma das boas publicações deste País:
“Polícia Federal chega no ‘Doutor Freitas’ e Aécio Neves desaparece
Após depoimentos de executivos
que fizeram acordos de delação premiada firmando que existia um ‘clube’ de
empreiteiras que fraudava licitações e pagava propinas, misteriosamente o
tucano sumiu da imprensa
Depois de muita enrolação, com direito a manchete
do tipo “Doações de investigadas na Lava Jato priorizam PP, PMDB, PT e outros”,
para não citar PSDB, apareceu o Doutor Freitas. Notinhas tímidas, em letras
miúdas, no rodapé de páginas dos grandes jornais informam que o dono da UTC,
Ricardo Pessoa, disse em depoimento à Polícia Federal que tinha contato mais
próximo com o arrecadador de campanha do PSDB, o Doutor Freitas, Sérgio de
Silva Freitas, ex-executivo do Itaú que atuou na arrecadação de campanhas
tucanas em 2010 e 2014 e esteve com o empreiteiro na sede da UTC. Ainda de
acordo com o depoimento, objetivo da visita do Doutor Freitas foi receber
recursos para a campanha presidencial de Aécio.
Dados da Justiça Eleitoral sobre as eleições de
2014 mostram que a UTC doou R$ 2,5 milhões ao comitê do PSDB para a campanha
presidencial e mais R$ 4,1 milhões aos comitês do PSDB em São Paulo e em Minas
Gerais, além de R$ 400 mil para outros candidatos tucanos.
Depois dos depoimentos de dois executivos da Toyo
Setal que fizeram acordos de delação premiada, e afirmaram que existia um
“clube” de empreiteiras que fraudava licitações e pagava propinas,
misteriosamente o tucano Aécio Neves sumiu da imprensa.
Aécio é senador até 2018, mas também não é mais
visto na casa. De 11 sessões, compareceu apenas a cinco. O ex-candidato tucano
precisa aparecer para explicar a arrecadação junto à empreiteira, o que, para
ele, sempre foi visto como “escândalo do PT”, e outras questões. Como se não
bastassem antecedentes tucanos na Operação Castelo de Areia, como se não
bastasse a infiltração de corruptos na Petrobras desde o governo Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), como se não bastasse o inquérito que liga o doleiro
Alberto Youssef à Cemig, basta observar o caso da construção do palácio de
governo de Minas na gestão de Aécio quando foi governador.
Para quem não se lembra, a “grande” obra de Aécio
como governador de Minas, além dos dois famosos aecioportos, não foi construir
hospitais, nem escolas técnicas, nem campi universitários. Foi um palácio de
governo faraônico chamado Cidade Administrativa de Minas, com custo de cerca R$
2,3 bilhões (R$ 1,7 bi em 2010 corrigido pelo IGP-M). A farra com o dinheiro
público ganhou dos mineiros apelidos de Aeciolândia ou Neveslândia.
Além de a obra ser praticamente supérflua para um
custo tão alto, pois está longe de ser prioridade se comparada com a
necessidade de investimento em saúde, educação, moradia e mobilidade urbana,
foi feita com uma das mais estranhas licitações da história do Brasil.
O próprio resultado deixou “batom na cueca”
escancarado em praça pública, já que os dois prédios iguais foram construídos
por dois consórcios diferentes, cada um com três empreiteiras diferentes.
Imagina-se que se um consórcio ganhou um dos
prédios com preço menor teria de construir os dois prédios, nada justifica
pagar mais caro pelo outro praticamente igual.
Se os preços foram iguais, a caracterização de
formação de cartel fica muito evidente e precisa ser investigada. Afinal, por
que seis grandes empreiteiras, em uma obra que cada uma teria capacidade de
fazer sozinha, precisariam dividir entre elas em vez de cada uma participar da
licitação concorrendo com a outra? Difícil de explicar.
O próprio processo licitatório deveria proibir esse
tipo de situação pois não existe explicação razoável. Se correr o bicho pega,
se ficar o bicho come.
No final das contas, nove grandes empreiteiras
formando três consórcios executaram a obra. Cinco delas estão com diretores
presos na Operação Lava Jato, acusados de formação de cartel e corrupção de
funcionários públicos.
Em março de 2010 havia uma investigação aberta no
Ministério Público de Minas Gerais para apurar esse escândalo. Estamos em 2014
e onde estão os tucanos responsáveis? Todos soltos. A imprensa mineira, que
deveria acompanhar o caso, nem toca no assunto de tão tucana que é. E a
pergunta do momento é: onde está Aécio?
Publicação - http://www.revistaforum.com.br/2014/11/22/policia-federal-chega-doutor-freitas-e-aecio-neves-desaparece/
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