Partido dos Trabalhadores

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sábado, 30 de abril de 2016

Cidadania: A CONSTRUÇÃO DA CONSCIÊNCIA POLÍTICA E A MÍDIA




Um excelente texto do professor Luiz Tonchis para nos ajudar na compreensão da dimensão da cidadania, da política e da influência da imprensa sobre nós mesmos.



Por Luiz Claudio Tonchis*
"O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são." Esta frase do filósofo Heráclito (sécs. VI-V a.C.) é fundamentada na hipótese do incessante fluir da realidade, que implica em que a compreensão pode ser alterada de acordo com as circunstâncias mutáveis da percepção humana. Além disso, o homem pode criar e recriar os valores e o significado da realidade, criando a sua própria “verdade”.
Com base nessa afirmação de Heráclito, podemos repensar a concepção de “verdade” na atual conjuntura política do Brasil. Refiro-me à tendência no cenário político atual de posições diferentes e até mesmo divergentes que, de certa forma, ameaçam a nossa democracia e, em sentido mais amplo, a nossa identidade política.
O que determina o conjunto de ideias, princípios e valores que refletem uma determinada visão de mundo, orientando uma forma de ação, sobretudo uma posição política, está relacionado à historicidade existencial do sujeito: a família, os amigos, a condição econômica, as influências externas, a religião, a formação acadêmica, enfim, todo o contexto social no qual a pessoa vive. No entanto, a principal influência sobre o pensamento político está relacionada à ideologia da classe dominante, já anunciada por Marx e Engels no século XIX. São as influências do poder econômico, isto é, de como as pessoas são levadas a pensar e agir de acordo com os interesses da classe dominante. O principal veiculador desse tipo de pensamento é a mídia.
Nesse sentido, a ideologia é assim uma subestrutura, uma forma de pensamento obscuro, que, por não revelar as causas reais de certos valores, concepções e práticas sociais, que são materiais, ou seja, econômicas, contribui para sua aceitação e reprodução, sua disseminação, representando um “mundo invertido” e servindo aos interesses da classe dominante, porém aparentando representar interesses da sociedade como um todo.
O termo “ideologia” é amplamente utilizado, sobretudo por influência do pensamento de Marx, na filosofia e nas ciências humanas e sociais em geral, significando um processo de racionalização – um autêntico mecanismo de defesa – dos interesses de uma classe ou grupo dominante. Tem por objetivo justificar o domínio exercido e manter coesa a sociedade, apresentando a “realidade” como algo homogêneo e a sociedade como sendo indivisível, permitindo, com isso, evitar conflitos e exercer a dominação.
Atualmente “esquerda” e “direita” se tornaram os termos comumente usados para se referir às tendências dos principais expoentes no cenário político nacional PT e PSDB e seus respectivos aliados. Além disso, temos os movimentos que se dizem apartidários, como por exemplo, o movimento “Brasil Livre”, “Vem pra Rua” e os “Revoltados Online”, principais responsáveis pelos enormes ajuntamentos em manifestações contra o governo. Na verdade, existem controvérsias quanto às reais intenções de tais “movimentos” - alguns deles são acusados de receberem apoio e financiamento de grupos internacionais, com interesses econômicos. Já outros aparentam ser legítimos, apresentando pautas justas e coerentes.
“Direita” e “esquerda” vêm da Revolução Francesa, a Direita (girondinos) e Esquerda (jacobinos), e durante o império de Napoleão Bonaparte, nos anos finais do século XVIII. Os representantes dos nobres, burgueses e elementos do clero ficavam à direita. Eram os que não queriam grandes alterações na ordem social e política, a qual os beneficiava por meio de um sistema de privilégios.
Mas este conceito sofreu várias mudanças nos diferentes contextos políticos, com o tempo, em diferentes partes do mundo. Hoje, há um consenso de que a esquerda inclui progressistas, social-liberais, ambientalistas, socialdemocratas, socialistas, democrático-socialistas, libertário-socialistas, secularistas, comunistas e anarquistas. Já a direita inclui capitalistas, neoliberais, econômico-libertários, conservadores, reacionários, neoconservadores, monarquistas, teocratas, nacionalistas, fascistas e nazistas.
Alguns cientistas políticos têm sugerido que as classificações de "esquerda" e "direita" perderam seu significado no mundo contemporâneo. No entanto, ainda servem para designar certas tendências, pensamentos e comportamentos sociais e políticos que caracterizam uma forma especial de ser, de pensar e de agir, que destoa completamente do pensamento comunista de Marx e do socialismo, na sua essência.
No cenário político brasileiro, aqueles que simpatizam com o PT e com outros partidos com características progressistas, a grosso modo, tendem a serem mais complacentes com as causas sociais, apoiam as políticas públicas que beneficiam os menos favorecidos, defendem um Estado mais forte, visando reduzir a perversa desigualdade social, são mais tolerantes com as políticas públicas voltadas à proteção do indivíduo dentro da sociedade, como por exemplo, fazer com seja respeitado o conceito de igualdade de gênero, raça, opção sexual. Além disso, têm aversão aos regimes totalitários, como, por exemplo, o Governo Militar - por isso se posicionam contra o impeachment (para esses, significa golpe de Estado), principalmente por temerem a possibilidade da volta de um governo com características neoliberais, que não priorize as políticas públicas sociais. Criticam a posição da mídia, acusam-na de ser a favor do golpe.
Já aqueles que são da oposição à presidente Dilma, tendem a serem mais conservadores, criticam as políticas públicas adotadas aos menos favorecidos, como por exemplo, a Bolsa Família, cotas para negros nas universidades e programas de inclusão nas universidades (ProUni e Sisu). Geralmente, possuem uma predisposição a uma reprodução de estereótipos de gênero, raça e etnia e menosprezo pelas minorias, as populações historicamente discriminadas. O conservadorismo por si, atua como um dos principais agentes para a manutenção de crenças, valores, hábitos, comportamentos e atitudes sexistas, racistas e etnocêntricas, promotores de sofrimento e de profundas desigualdades na sociedade brasileira. Além disso, adotam e apoiam um modelo de governo neoliberal, capitalista, ou seja, a absoluta liberdade do mercado e a não intervenção estatal sobre a economia. Um bom exemplo foi a onda de privatização de estatais no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Na realidade, o PT e PSDB e seus respectivos aliados não são radicalmente opostos; eles têm muitos elementos comuns. Mas há um elemento que os diferencia: o papel do Estado em relação às políticas sociais e à Economia. Se no governo PSDB as políticas sociais são focalizadas e há o discurso de uma parceria com a sociedade civil (ou seja, a isenção da responsabilidade do Estado, uma “terceirização”) – portanto, com certa ausência do Estado -, o governo do PT fica a meio caminho entre a focalização e a universalização: o Estado assume a primazia na formação das políticas sociais. No campo econômico, o governo do PSDB entende o Estado apenas como instrumento regulador do mercado (na maioria das vezes, a regulamentação que só serviria para fornecer as garantias exigidas pelo mercado) e, também, como fiador do mercado. Já o governo PT, além desses elementos, encampa a concepção do Estado como indutor, promotor do desenvolvimento.
Ser a favor do impeachment, como muitos imaginam, não são necessariamente devido às pedaladas fiscais e às denúncias de corrupção, embora suas influências sejam significativas, mas sim, é consequência da manipulação pelos meios de comunicação, dominados por uma escancarada ideologia vertical. Essa ideologia é a face simpática do capitalismo que agrada até mesmo às suas vítimas.
A intenção do impeachment vem desde da época do ex-presidente Lula e ganha força após a reeleição da presidente Dilma, quando o candidato derrotado nas urnas (com um número expressivo de votos) passou a pousar de bom moço e com o apoio da mídia, tentou emplacar como o herói derrotado – o vitorioso moral.
Quanto à corrupção, deve ser combatida com mais sensatez; não se combate a corrupção entregando o poder para outros que são corruptos. O que está em jogo é um processo educativo de valores morais e éticos para uma transformação social a médio ou longo prazo. No entanto, os crimes de corrupção devem ser investigados, comprovados e punidos, “doa a quem doer”.
Pois bem, a construção da identidade política não é estática, está sempre em construção, quando está aberto o conhecimento, manifestado em sua natureza sintética e casual, através do uso do processo crítico e reflexivo sobre a interpretação das informações. É a fórmula para se aproximar das “verdades”, visando a construção de uma identidade política mais racional e coerente. Ser de “esquerda” ou de “direita”, ser a favor ou contra o PT é a possibilidade de manifestação da liberdade pública e subjetiva que conquistamos a duras penas. A democracia é essencialmente o regime político no qual a soberania é exercida coletivamente pelo povo, pertence ao conjunto dos cidadãos, que exercem o sufrágio universal. Essa identidade democrática jamais poderá entrar em jogo, principalmente através dos interesses pessoais daqueles que exercem algum tipo de poder.
Para Hannah Arendt (1906-1975), a dimensão da ação plural política é indubitavelmente a que mais “humaniza” o ser. É uma ação que promove a liberdade dos homens, enquanto inserida na pluralidade, tornando-os aptos a revelarem, cada um, sua singularidade. Essa singularidade é a identidade revelada pela historicidade existencial dos indivíduos nos diferentes contextos da vida, inclusive pela ideologia perversa. No entanto, essa pluralidade não deve ser a propulsora da violência em voga nas suas mais diversas configurações, mas sim, o exercício mental constante para uma atitude de aceitação das divergências de opiniões, atitudes ou posições até mesmo divergentes, visando ao respeito mútuo.
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*Educador e Gestor Escolar, trabalha na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, é bacharel e licenciado em Filosofia, com pós-graduação em Ética pela UNESP e em Gestão Escolar pela UNIARARAS. Atualmente é acadêmico em Pós-Graduação (MBA) pela Universidade Federal Fluminense. Escreve regularmente para blogs, jornais e revistas, contribuindo com artigos em que discute questões ligadas à Política, Educação e Filosofia.
http://jornalggn.com.br/blog/luiz-claudio-tonchis/a-construcao-da-consciencia-politica-e-a-midia-por-luiz-claudio-tonchis

Impítima: MÉDICO DRAUZIO VARELLA DIZ QUE A CRETINECE DE DEPUTADOS E DE DEPUTADAS O DEIXAM ENVEGONHANDO




O conhecido médico Drauzio Varella é mais uma das pessoas que diz sentir vergonha do golpe contra os brasileiros e as brasileiras, especialmente a população mais pobre, que perderá direitos duramente conquistados.

O médico Drauzio escreveu e publicou na edição do jornal Folha de São Paulo de hoje um artigo em que expõe toda a sua revolta com a postura da maior parte da nossa classe política.

Após fazer fortes críticas a políticos e a políticas em geral, Dr. Drauzio toca em uma ferida, fazendo uma chata pergunta a todos e todas nós, “mais por que o povo elege essas pessoas?”

A seguir, leremos a matéria com trechos do artigo escrito pelo doutor Drauzio: 

"Drauzio Varella e a votação do golpe: sem ti vergonha de ser brasileiro


'Pela primeira vez em 70 anos senti vergonha de ser brasileiro. Culpa da TV, que me manteve hipnotizado na frente da tela, enquanto transmitia a votação do impeachment na Câmara, duas semanas atrás", diz o médico e escritor Drauzio Varella, sobre a votação de 17 de abril; "Todos sabem que é lamentável o nível da maioria de nossos deputados, mas vê-los em conjunto despejando cretinices no microfone foi assistir a um espetáculo deprimente protagonizado por exibicionistas espertalhões, travestidos em patriotas tementes a Deus"
O dia 17 de abril de 2016, em que a Câmara dos Deputados, liderada pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), votou o impeachment da presidente Dilma Rousseff fez com o médico e escritor Drauzio Varella sentisse vergonha de ser brasileiro.
"Pela primeira vez em 70 anos senti vergonha de ser brasileiro. Culpa da TV, que me manteve hipnotizado na frente da tela, enquanto transmitia a votação do impeachment na Câmara, duas semanas atrás", diz ele, em artigo publicado neste sábado (leia aqui).
"Não posso alegar desconhecimento, ingenuidade ou espanto, vivo no Brasil e acompanho a política desde criança. Todos sabem que é lamentável o nível da maioria de nossos deputados, mas vê-los em conjunto despejando cretinices no microfone foi assistir a um espetáculo deprimente protagonizado por exibicionistas espertalhões, travestidos em patriotas tementes a Deus", afirma. "Votavam o impeachment de uma presidente da República como se estivessem num programa de auditório, preocupados somente em impressionar suas paróquias e vender a imagem de mães e pais amantíssimos." 
Segundo ele, acreditar na democracia brasileira agora passa a ser um ato de fé. "E pensar que aqueles homens brancos enfatuados, com gravatas de mau gosto, os cabelos pintados de acaju e asa de graúna, com a prosperidade a transbordar-lhes por cima do cinto, passaram pelo crivo de 90 milhões de eleitores que os escolheram para representá-los. Para aqueles que não viveram como nós as trevas da ditadura, manter a crença na democracia brasileira chega a ser um ato de fé", afirma."

http://www.brasil247.com/pt/247/cultura/229238/Drauzio-Varella-e-a-vota%C3%A7%C3%A3o-do-golpe-senti-vergonha-de-ser-brasileiro.htm