“Mídia
esconde denúncia de jornal inglês contra mulher de Temer
Restrição
intempestiva e inédita de uso do estacionamento público na entrada do Palácio
do Jaburu simboliza comportamento da família presidencial que em outros tempos geraria
“indignação” na imprensa
por
Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania publicado 26/07/2016 19:58
Blog da Cidadania – “Um dos
maiores vexames internacionais a que o país poderá ser submetido nos próximos
anos é o conhecido uso desmesurado de dinheiro público pela família de Michel
Temer”, diz interlocutora profundamente versada em intimidades dos centros de
poder. “Marcela é o ponto fraco de Temer”, diz a fonte. “Os caprichos dela
ainda vão custar caro…”.
A
conversa decorreu de fato envolvendo a mulher de Temer que saiu discretamente
na mídia, mas que, fosse outro grupo político a ocupar o governo federal, teria
ganhado grande destaque. Ou seja: se Lula ou Dilma governassem, o tema dessa
reportagem daria pano pra manga.
Ainda
estão frescas na memória de quem presta atenção no Brasil as picuinhas da
imprensa contra os presidentes petistas. Lá em 2004, por exemplo, o mundo quase
caiu sobre a cabeça de Lula porque a imprensa cismou com um arranjo floral nos
jardins do Palácio da Alvorada que reproduziria uma “estrela do PT”.
A imprensa
caçou ferozmente qualquer tipo de vinculação pública do então presidente Lula
com seu partido, como se tal vinculação fosse segredo. O portal G1 chegou ao
absurdo de questionar o fato de a esposa do então presidente, Marisa Letícia,
usar um maiô com uma estrela vermelha estampada.
A
obsessão midiática por supostos “abusos” dos presidentes “petistas” com a res
pública perdurou até a era Dilma. Reportagem do Estadão de alguns anos atrás
implicava com outra “estrela petista” que teria sido plantada na Granja do
Torto.
Na semana
passada, a imprensa noticiou que a ida de Marcela Temer e de seu filho para
Brasília tem provocado mudanças na rotina e nos protocolos do Palácio do
Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência da República.
Uma das
medidas tomadas recentemente foi a proibição do uso do estacionamento público
localizado na entrada do local, que chegou a ter seu acesso bloqueado por um
período logo que Temer assumiu o comando do país, em maio deste ano.
O que se
sabe é que o caso não ganhou o destaque merecido. Na verdade, não ganhou
destaque algum. A notícia saiu bem escondidinha e sumiu em seguida.
Marcela
proibiu o uso do estacionamento porque ficou incomodada com a exposição que
poderia ter e com a possibilidade de que fossem feitas fotos da área privativa
do palácio caso a imprensa ficasse naquele lugar.
Quando a
imprensa vai cobrir a Residência Oficial do presidente da República, seguranças
vêm indicando outra região onde os carros de reportagem e veículos particulares
podem ser estacionados.
Esses
locais são improvisados. Ficam em um canteiro de grama, afastado da entrada do
Jaburu, que teve o meio-fio quebrado para facilitar o acesso, ou em faixa de
asfalto com a marcação de proibição para o tráfego.
As
demarcações são irregulares, mas estão lá porque “dona Marcela quer”.
A
Secretaria de Comunicação da Presidência da República negou que a restrição ao
uso do estacionamento público tivesse sido pedida por Marcela, mas não explicou
por que tal medida só foi tomada após a chegada dela ao Palácio.
Seja como
for, a restrição intempestiva e inédita de uso de área pública simboliza um
comportamento da família presidencial que em outros tempos geraria “indignação”
na imprensa antipetista.
A fonte
do Blog citou esse caso como decorrente de histórias sobre o comportamento de
ditador de república bananeira que se diz que vem sendo adotado por Temer,
sobretudo após virar presidente interino.
Em maio
último, o tabloide inglês “Daily Mail” publicou extensa reportagem sobre
Marcela dando conta de uma vida de “família real” que os Temer se dão à custa
de dinheiro público.
O
tabloide, que utiliza fotos postadas nos perfis do Instagram de pessoas
próximas a Marcela, comparou os gastos da esposa de Michel Temer aos de Maria
Antonieta, rainha da França na época da Revolução Francesa e esposa de Luís
XVI, no fim do século 18.
Segundo o
jornal britânico, os gastos financeiros da primeira-dama, de 33 anos, não
refletem o momento de crise que o Brasil enfrenta.
Na
artigo, o Daily Mail lista uma série de aquisições não só para Marcela, como
para sua família. Entre eles, as viagens internacionais de primeira classe,
cirurgias plásticas e procedimentos estéticos para a mãe de Marcela, Norma
Tedeschi, e uma vida regada a champanhe, roupas caras e festas badaladas para a
irmã, Marcela Fernanda Tedeschi.
Ainda de
acordo com a publicação, a família possui quatro camareiras somente para lavar
e passar as roupas, além de duas empregadas, uma cozinheira e uma babá para
cuidar de seu filho único, Michelzinho, de 7 anos.
As
despesas, segundo o jornal, não param por aí: Marcela Temer teria promovido uma
reforma em vários cômodos no Palácio do Jaburu, residência oficial da
Vice-Presidência em Brasília, que, de acordo com a publicação, custou milhões
de reais de dinheiro público. Marcela teria ainda insistido para o marido
comprar uma casa para sua mãe e sua irmã na capital federal avaliada em cerca
de R$ 7 milhões.
Diante do
comportamento anterior da imprensa, quando petistas governavam o país,
surpreendeu a reação da imprensa brasileira ao que diz a homóloga britânica.
Reportagem do jornal Folha de São Paulo tenta desqualificar a matéria
atribuindo-lhe pequenos erros que, na prática, não invalidam uma só acusação de
abuso do dinheiro público atribuído à família presidencial.
Entre os
erros que a imprensa brasileira atribuiu à matéria britânica está a informação
de que Marcela estava ao lado do marido na cerimônia de posse de Temer como
presidente interino, apesar de que ela não estava. E, ironicamente, a matéria
critica o perfil de Marcela pelo “Mail” por citar críticas que teriam sido
direcionadas ao casal sem divulgar o autor das falas.
Sim, você
leu corretamente: a Folha criticou o jornal britânico por divulgar informações
de fontes que não quiseram se identificar, como se, no Brasil, essa prática não
estivesse por trás de nove entre dez denúncias midiáticas contra petistas.
O
tabloide, segundo a Folha, afirmou “incorretamente” que a irmã de Marcela,
Fernanda Tedeschi, chegou a posar para a revista “Playboy” e que as fotos
depois “foram misteriosamente vazadas na internet”.
A defesa
que Folha faz para a família Temer diz que a irmã de Marcela, Fernanda apenas
assinou um contrato com a revista e desistiu antes de posar para o ensaio. As
fotos que chegaram a ser divulgadas são de uma prévia antecipada pela Editora
Abril, que publicava a “Playboy” na época.
O que
isso muda em relação à denúncia da imprensa britânica? Se você disse nada,
acertou.
O fato a
destacar é que se estão erradas as informações sobre gastos exagerados feitos
pela família Temer, cumpriria à imprensa brasileira investigar e publicar a
verdade. As reformas feitas no palácio, todos os gastos abusivos com dinheiro
público teriam que ser investigados e, em nada sendo encontrado, aí, sim, a
imprensa brasileira poderia inocentar sua equivalente britânica, mas o assunto
morreu em maio e nunca mais se ouviu falar do assunto.
Por outro
lado, surgiram versões de que a preocupação com o suposto estilo imperial de
Marcela, que dizem custar (muito) dinheiro público, seria “machismo”.
Não é
difícil de isso ocorrer. Marcela é o alvo perfeito para machismo, tanto quanto
Dilma. Porém, ninguém viu a mulher de Temer reclamando da Veja por tê-la qualificado
como “bela, recatada e do lar”, o que, para qualquer mulher emancipada, é quase
uma ofensa.
Porém,
não pode haver machismo em uma denúncia objetiva de que Marcela gasta o
dinheiro suado de nossos impostos com mordomias… Certo? Assim, o que se pede,
ao fim e ao cabo, é que essa denúncia seja alvo da mesma “apuração
jornalística” que implicava com um mísero canteiro de flores em administrações
petistas.
Arrumemos
cadeiras confortáveis para esperar por essa apuração.”
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2016/07/midia-esconde-denuncia-de-jornal-ingles-contra-mulher-de-temer-7433.html
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