A
revista Brasil Atual publicou uma interessante matéria sobre o racismo e o ódio
expelido pela elite paulista contra nordestinos e nortistas, que chama de pobres
e desinformados.
O
fato não é novo. Já em meados da década de 70, quando no sudeste fui trabalhar,
morar e constitui família percebia o preconceito claramente. Pelas expressões
usadas, consegui identificar isto em Minas Gerais, Rio de Janeiro e
principalmente em São Paulo, capital.
Todavia, com o surgimento de setores de independente da mídia esses
fatos começam a vir à tona. Os preconceitos saem inclusive da boca ou da
escrita de que deveria combatê-los em nome da cultura e do saber, que na visão
de determinados doutores seriam dois dos aspectos de serviam para frear os
males advindos da desigualdade social.
Abaixo você pode ler o que disse o ideólogo do PSDB, Fernando Henrique
Cardoso, que deve andar meio envergonhado por ter comparar-se a atuar nos
mesmos moldes de quem quer condenar. Tire as suas conclusões:
Racismo
paulista de FHC: dos marmiteiros aos 'grotões mal informados'
Quando a
população nordestina, pobre, abandonada, inclusive pelo governo de FHC, votava
majoritariamente na direita – na Arena, no PFL e no seu sucessor, o DEM –, não
era considerada 'mal informada'
A elite brasileira – cujo setor mais significativo
vive em São Paulo – nunca engoliu o Getúlio Vargas, nem o Lula, como expressões
de amplos setores populares que saem do seu controle. Perderam sempre do
Getúlio e perdem sempre do Lula.
Aí apelam para a discriminação e o racismo. Nos
anos 1950, a UDN chegou a propor o voto qualitativo. Onde se viu o voto de um
engenheiro valer o mesmo que o voto de um operário, oras? Um valeria 10, o
outro valeria 1. Cansados de perder para a maioria trabalhadora, queriam mudar
as regras do liberalismo que eles mesmo pregavam, para ver se tinham melhor
sorte.
Quanto à linguagem, naquela época um político, Hugo
Borghi, qualificou os trabalhadores que votavam no Getúlio como “marmiteiros”,
de forma depreciativa para quem levava comida de casa para o trabalho. Era a
forma de discriminar os trabalhadores vinda da parte de quem nem trabalhava,
menos ainda conhecia o que era uma marmita.
O Getúlio assumiu a expressão, que passou a ser
usada positivamente, identificando marmiteiro com trabalhador.
A relação dessa elite com o Lula reproduz, em
termos cotidianos, o mesmo tipo de clichê e de discriminação. Por um lado,
tenta passar a ideia de que os setores populares que votam no PT foram
subornados pelo Bolsa Família e por outras políticas do governo, da mesma forma
que se fazia em relação ao salário mínimo na época do Getúlio.
Agora FHC vem falar de gente “dos grotões, mal
informados”, que por essa razão não se renderiam às denúncias e aos argumentos
tucanos e seguiriam votando no PT. Aponta ele certamente para a população
nordestina e as populações das periferias urbanas, beneficiárias de políticas
sociais ou detentoras de um posto de trabalho assalariado e que votam
concentradamente nos candidatos que sentem identificados com o efeito dessas
políticas em suas vidas.
Anteriormente, quando essa população nordestina,
totalmente abandonada, inclusive pelo governo de FHC, votava majoritariamente
na direita – na Arena, no PFL e no seu sucessor, o DEM –, não era considerada
“mal informada”. Quando começa a despertar sua consciência, aparecem essas
formas discriminatórias.
Como não leem ainda os artigos do FHC, ficam mal
informadas, se deixam enganar, subornar, ser instrumentalizadas pelo governo e
pelos partidos de esquerda. Quando a informação chegar devidamente a esses
grotões, eles reconhecerão que o melhor governo que o Brasil já teve foi o do
FHC, os que o sucederam foram empulhações, que distribuíram migalhas, para
enganar ao povo.
Reproduz-se assim o velho sentimento elitista da
contrarrevolução de 1932, que tem como ícones, até hoje venerados pela elite
paulista, os bandeirantes – caçadores de índios – e Washington Luís, famoso por
achar que “a questão social é questão de polícia”.
http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-na-rede/2014/10/racismo-paulista-de-fhc-dos-marmiteiros-aos-2018grotoes-mal-informados2019-9334.html
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