Não bate! O clamor que tomou conta dos
arraiais do conservadorismo brasileiro desde o anúncio do Programa Nacional de
Participação Social, há alguns dias, decididamente não combina com a empáfia
impostada de seus representantes políticos.
Como é que é? Aposentadoria antecipada
para Dilma, seis meses antes do pronunciamento das urnas? De que vale o
sarcasmo de Aécio e assemelhados, quando ele é desmentido cotidianamente por
seu patente nervosismo?
Fernando Henrique Cardoso falava ao
país em cadeia nacional, e estava tudo muito bem. Por que a cólera? Por que o
afã em punir com os rigores de uma lei reinventada para esse propósito, toda
vez que Dilma Roussef faz isso?
A mesma pergunta vale para o decreto
8.243. Mal publicado no Diário Oficial, ele foi denunciada pelos porta-vozes
acreditados do conservadorismo pátrio como peça axial do programa insidioso do
PT de transformar em ditadura popular disfarçada nossa ainda frágil democracia.
Mas a incongruência entre o objetivo
suposto e o instrumento empregado salta à vista. Um decreto não tem o condão de
alterar a ordem constitucional do país. Exercício unilateral de poder do chefe
do executivo, ele pode ser modificado -- ou simplesmente revogado -- por outro
decreto, em qualquer instante.
Ora, ninguém em sã consciência imagina
que o governo venha a se lançar em obras de complexa engenharia institucional
nos próximos meses. Terminada a Copa, a campanha eleitoral nas ruas, todos os
esforços do PT estarão concentrados na tarefa de conquistar os votos
necessários para manter os postos que detém no presente e conquistar outros
novos.
Como essa é uma tarefa inglória, posto
que o país rejeita o PT -- assim nos garantem -- e tudo que a ele se associa
não há porque perder o sono. A revogação do malfadado decreto será o primeiro
ato do próximo Presidente da República.
Seria essa a atitude dos opositores se
estivessem tranqüilos. Mas eles não estão tranqüilos. A ansiedade perturba-lhes
o sono, e nas noites mal dormidas tomam sombras por seres reais assustadores,
aos quais reagem com alarde como se verdadeiramente perseguidos.
Melhor assim. Ao expressar em palavras
o sentimento de ameaça que os aflige esses personagens se descobrem e ao fazer
isso se expõem à crítica. Se nenhum outro mérito tivesse, o decreto em questão
mereceria aplausos por isso.
O que os seus detratores vêem de tão
nocivo nele? Um abuso de poder, um atentado à Constituição, uma tentativa
perversa de manietar o Congresso, submetendo-o à vontade de grupos
orquestrados, parcamente representativos.
Não bate! O clamor que tomou conta dos
arraiais do conservadorismo brasileiro desde o anúncio do Programa Nacional de
Participação Social, há alguns dias, decididamente não combina com a empáfia
impostada de seus representantes políticos.
Como é que é? Aposentadoria antecipada
para Dilma, seis meses antes do pronunciamento das urnas? De que vale o
sarcasmo de Aécio e assemelhados, quando ele é desmentido cotidianamente por
seu patente nervosismo?
Fernando Henrique Cardoso falava ao
país em cadeia nacional, e estava tudo muito bem. Por que a cólera? Por que o
afã em punir com os rigores de uma lei reinventada para esse propósito, toda
vez que Dilma Roussef faz isso?
A mesma pergunta vale para o decreto
8.243. Mal publicado no Diário Oficial, ele foi denunciada pelos porta-vozes
acreditados do conservadorismo pátrio como peça axial do programa insidioso do
PT de transformar em ditadura popular disfarçada nossa ainda frágil democracia.
Mas a incongruência entre o objetivo
suposto e o instrumento empregado salta à vista. Um decreto não tem o condão de
alterar a ordem constitucional do país. Exercício unilateral de poder do chefe
do executivo, ele pode ser modificado -- ou simplesmente revogado -- por outro
decreto, em qualquer instante.
Ora, ninguém em sã consciência imagina
que o governo venha a se lançar em obras de complexa engenharia institucional
nos próximos meses. Terminada a Copa, a campanha eleitoral nas ruas, todos os
esforços do PT estarão concentrados na tarefa de conquistar os votos
necessários para manter os postos que detém no presente e conquistar outros
novos.
Como essa é uma tarefa inglória, posto
que o país rejeita o PT -- assim nos garantem -- e tudo que a ele se associa
não há porque perder o sono. A revogação do malfadado decreto será o primeiro
ato do próximo Presidente da República.
Seria essa a atitude dos opositores se
estivessem tranqüilos. Mas eles não estão tranqüilos. A ansiedade perturba-lhes
o sono, e nas noites mal dormidas tomam sombras por seres reais assustadores,
aos quais reagem com alarde como se verdadeiramente perseguidos.
Melhor assim. Ao expressar em palavras
o sentimento de ameaça que os aflige esses personagens se descobrem e ao fazer
isso se expõem à crítica. Se nenhum outro mérito tivesse, o decreto em questão
mereceria aplausos por isso.
O que os seus detratores vêem de tão
nocivo nele? Um abuso de poder, um atentado à Constituição, uma tentativa
perversa de manietar o Congresso, submetendo-o à vontade de grupos
orquestrados, parcamente representativos.
Contra a sordidez desse propósito, que
vem embalado na retórica enganosa da democracia participativa, os opositores
defendem-se tirando do baú idéias arcaicas sobre o governo representativo. De
acordo com estas, a vontade do povo se expressa na livre escolha de seus
governantes. No intervalo entre uma eleição e outra, cabe aos cidadãos
perseguir seus interesses privados, nos limites da lei, atentos tanto quanto
possível à gestão da coisa pública. Mas isso eles não podem fazer
solitariamente. Para tanto, necessitam de fontes críveis de informação e da
possibilidade de trocar idéias sobre os problemas em pauta. A liberdade de
expressão é inerente, pois, a essa forma de governo, que tem na opinião pública
a sua contrapartida. É esta que faz a ponte entre representantes e
representados no curso rotineiro da vida política.
O problema com essa concepção, que
passou a salpicar as páginas dos jornais nos últimos dias, é que ela tem muito
pouco a ver com a maneira como funcionam as democracias contemporâneas. E muito
menos ela tem com a operação real de nossa organização política.
Ao dizer isso não penso apenas na
existência consolidada de Conselhos, Fóruns e outros mecanismos de diálogo e
aconselhamento, que vêm se multiplicando nos mais diversos ramos da
administração pública brasileira já há muito tempo. Nem nas relações
simbióticas entre o Banco Central e o mercado financeiro, que constituem um
elemento estrutural publicamente reconhecido da política de metas
inflacionárias em vigor no País desde o final da década de 1990.
Refiro-me à posição estruturalmente
privilegiada que os detentores do poder econômico desfrutam em qualquer
sociedade capitalista, e do franco acesso aos centros decisórios que tal
condição lhes faculta. Situação geral que se vê reforçada no Brasil pelos
índices escandalosos de concentração de renda e riqueza, e pela qualidade
deplorável, com as exceções de praxe, da grande imprensa falada e escrita,
quase inteiramente controlada entre nós por um punhado de famílias.
A Política Nacional de Participação
Social assusta porque encerra a promessa de corrigir parcialmente esse viés --
para o bem da gestão das políticas públicas e a qualidade de nossa tão
imperfeita democracia. E assusta tanto mais porquanto dentro de alguns meses a
promessa pode começar a ser cumprida.
A ofensiva contra os Conselhos tem, portanto, caráter eminentemente defensivo. Com ela os conservadores pretendem levar o governo a recuar desse projeto, antes mesmo que a batalha das urnas seja ferida.
A ofensiva contra os Conselhos tem, portanto, caráter eminentemente defensivo. Com ela os conservadores pretendem levar o governo a recuar desse projeto, antes mesmo que a batalha das urnas seja ferida.
Mas por isso mesmo a resposta a ela não
pode ser tímida. Não se trata de defender o decreto 8.243, e com ele todos os
mecanismos de representação social que hoje existem. É preciso aproveitar a
oportunidade do debate para questionar o financiamento empresarial de campanhas
eleitorais e a concentração da propriedade na mídia. Em uma palavra, diante do
ataque a reação correta é partir para cima.
Mas não se atormentem, senhores e
senhoras. Para cima na luta de idéias. Para cima, no bom sentido.
Publicado em www.inesc.org.br – data:16-06-2014
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