Apesar de praticamente engolida pela EXTREMA DIREITA, que APLAUDE esse alimento
Podemos ver isto em vários escritos da mídia
A velha direita foge do ato no 8 de janeiro por medo de contrariar o
fascismo
Governadores que poderiam ir ao evento em Brasília preferem apostar na
fidelização do espólio de Bolsonaro.
É previsível a escolha feita por governadores que não participarão do ato do
primeiro ano do 8 de janeiro em Brasília. Eles poderiam ficar ao lado dos
líderes dos poderes invadidos pelos golpistas. Ficaram ao lado dos golpistas.
Nenhuma surpresa.
Não há nenhuma arapuca de Lula ao programar o evento pensando em expor os
bolsonaristas ausentes, os convictos e os vacilantes. Até porque Lula ainda
tenta conquistar a parte menos extremista das bases dessa gente.
Mas governadores de direita enxergam o evento como um risco diante do eleitorado
que têm ou pretendem conquistar. Mesmo que o lastro eleitoral de um Eduardo
Leite, por exemplo, não tenha origem no fascismo.
Entre ficar ao lado de Alexandre de Moraes, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira –
e se possível distante de Lula – e manter os laços que o conectam com parcela
do bolsonarismo, Leite prefere a segunda alternativa.
O ato que vai relembrar a invasão
de Brasília, para que nunca seja esquecida, expõe obviedades, como a de que não
interessa a Tarcísio de Freitas, Jorginho Mello e Ronaldo Caiado participar do
encontro no Congresso. Por fidelidade e dívidas políticas com Bolsonaro e com
os que ele ainda mobiliza.
Mas Romeu Zema e Leite se juntam aos colegas bolsonaristas, quando poderiam
fazer foto com o ministro do Supremo que teria sido enforcado, se o golpe
tivesse dado certo.
Alexandre de Moraes revela agora detalhes das ameaças de morte, incluindo a
forca, enquanto vê a antiga direita afastar-se ainda mais dele e aproximar-se
do golpismo que segurava a corda.
Uma conclusão apressada pode indicar que eles evitam constrangimentos com os
invasores dos prédios, muitos já condenados. Mas não é deles que os
governadores se ocupam.
Os governadores ausentes do ato de 8 de janeiro querem estar presentes na
memória dos acampados. São os acampados, que fizeram vigília ao lado de
quartéis, e os tios do zap a base que não deve ser incomodada.
Os manés invasores não importam mais e já foram abandonados. Mas os
acampados, todos impunes, com exceção dos que estavam no entorno do QG do
Exército em Brasília e foram presos no 9 de janeiro, esses escaparam da
polícia, do Ministério Público e da Justiça.
Na entrevista dessa semana ao Globo, Moraes enfatizou que os acampados
cometeram crimes, mas conseguiram se livrar de prisões, indiciamentos e
julgamentos.
É essa turba, seus admiradores e simpatizantes e tudo o que representam que
interessam aos governadores, assim como seus financiadores também impunes.
Os acampados afrontaram a legitimidade da eleição de Lula, mas desafiaram
mesmo o poder do Supremo. Eles queriam pegar Alexandre de Moraes, certos de que
assim dobrariam a coluna do Judiciário.
Os governadores fazem média com os acampados e tudo o que representam,
porque precisam fidelizar o espólio de Bolsonaro. Temem a rejeição e as reações
dos extremistas.
Bolsonaristas de ocasião que pensam em 2026, e Eduardo Leite e Zema são os
melhores exemplos, mandam sinais a essa base de extrema direita para depois
expandir seus alcances na velha direita. Como Bolsonaro fez em 2018 e tentou
repetir em 2022.
Um aceno público e respeitoso à democracia e às instituições é menos
importante para os governadores de direita do que a preservação dos seus
vínculos com o bolsonarismo.
Uma presença ao lado de Alexandre de Moraes hoje é pouco relevante, porque
seus projetos como herdeiros das sobras de Bolsonaro não podem ser ameaçados.
Nesse cenário, é quase inútil dedicar-se ao consolo de que a História se
encarregará do julgamento dos ausentes no ato do dia 8. A História está cansada
e não tem mais esse poder de oferecer reparações.
Eles não irão ao evento, mandarão dizer que têm agenda programada há um ano
ou que estão fazendo check-up ou viajaram à Capadócia, e nada acontecerá.
A História anda tão esquecida que nem se lembrará de que os ausentes no ato
do dia 8 em Brasília se esforçam para fidelizar o voto de gente que poderia
comemorar o enforcamento de Alexandre Moraes.
>Por Moisés Mendes - Jornalista e escritor
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