DE UMA VIDA
DE LUTAS EM PROL DA DIGNIDADE HUMANA E DAS CLASSES TRABALHADORAS EM GERAL,
ESPECIAL DIGNIFICOU AS MULHERES BRASILEIRAS.
Marisa nasceu em 7 de abril. Jovem ficou viúva.
Viúva, casou-se com o também viúvo, então Luiz Inácio da Silva, depois sindicalista
e político e o melhor presidente que o Brasil já teve, Luiz Inácio Lula da
Silva.
A seguir você lerá uma matéria escrita pelo
jornalista Camilo Vannuchi para a excelente revista Carta Capital, que reflete
sobre a maldade humana de falar contra
quem sempre lutou e defendeu a população.
“Entre
injustiças e fake news, Marisa Letícia faria 70 anos
Ficou milionária vendendo Avon,
dizem uns; está viva na Itália, dizem outros
Há quem diga que a ex-primeira-dama não morreu.
Fugiu para a Itália, onde esperaria a chegada do marido dias depois. Talvez
esteja à espera dele até hoje, acompanhando à distância as notícias sobre o
provável casamento do ex-presidente com Janja, a nova namorada.
Talvez seja tudo uma enorme tramoia. Não tem namoro
nenhum. Nem Janja. Nem morte. O Lula em quarentena por aqui talvez nem seja o
Lula, mas um sósia. Lula e Dona Marisa estão juntos, curtindo o isolamento num
resort em Dubai. Vai saber.
Se estivesse viva, Marisa completaria 70 anos neste
7 de abril. Haveria festa em São Bernardo do Campo (SP), onde ela nasceu, em
1950, a décima criança num time de onze, filha de um casal de pequenos
agricultores.
Foi em São Bernardo que Marisa começou a trabalhar,
aos 9 anos, como babá. Aos 13, arrumou emprego como operária na Dulcora, onde
embalava bombons. Deixou a fábrica quando ficou grávida, aos 19, pouco depois
de se casar. Estava no quarto mês de gestação quando o marido foi morto a
tiros, dirigindo um táxi.
Foi também em São Bernardo que Marisa conheceu
Lula, ambos viúvos, em 1973. De lá, mudou-se apenas no final de 2002, para o
Palácio da Alvorada.
Neste aniversário, talvez os Silva estivessem todos
no Los Fubangos, o sítio à beira da Represa Billings comprado pelo casal há
quase 40 anos. Marisa passaria a manhã pescando enquanto o marido cuidaria do
feijão e do coelho à caçadora, os netos correndo de um lado para outro.
Desta vez, não vai ter coelho nem pescaria, e não
só em razão da Covid-19. Marisa morreu em 3 de fevereiro de 2017, em
decorrência de um acidente vascular cerebral. Portadora de um aneurisma
cerebral, diagnosticado dez anos antes, deveria evitar cigarros, bebidas
alcóolicas e estresse, uma missão incompatível com o lugar social que ocupava
havia mais de um ano: ré na Lava Jato, com a família permanentemente vigiada –
e muitas vezes caluniada – pelo judiciário, pela imprensa e por detratores.
A operação de busca e apreensão em sua casa e nas
casas dos filhos, quando policiais apreenderam os tablets dos netos e cortaram
seu colchão em busca de algo que os incriminasse, foi a gota d’água. Resultou
no isolamento social de Marisa, muito antes do coronavírus.
Três anos após sua morte, Marisa continua alvo de
uma perseguição injustificável. Por ocasião do lançamento do livro “Marisa
Letícia Lula da Silva” (Alameda Editorial), em fevereiro, algumas reações foram
surpreendentes. “Você tem certeza que ela morreu?”, perguntou uma internauta,
afirmando que o caixão estava lacrado no velório, o que pode ser desmentido
conferindo as imagens, exibidas em diversos sites e jornais. “O livro ensina a
ficar milionária vendendo Avon?”, provocou outro internauta. Marisa nunca
trabalhou como vendedora, tampouco ficou milionária. Os valores que constam em
seu espólio têm origem nas palestras de Lula, com quem Marisa era casada em
comunhão de bens.
A propósito, decisão recente do TRF-4 de manter
bloqueados os bens da ex-primeira-dama, sob suspeitas já refutadas pela Polícia
Federal, ajuda a alimentar o discurso de ódio que contribuiu para abreviar sua
vida e atiça a usina de mentiras que opera, sem quarentena, no WhatsApp e nas
redes. A justiça tarda e, muitas vezes, falha."
Por Camilo Vannuchi
https://www.cartacapital.com.br/opiniao/entre-injusticas-e-fake-news-marisa-leticia-faria-70-anos/
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