“Que triste!”, diz Presidenta do PT.
Como já esperado e retratado por sérios estudos, o ano de 2019 não foi bom para o povo brasileiro. A natureza e a continuação do golpe de 2019 ficaram claras para a grande maioria da população.
Especialmente daqueles que precisam de governo para melhorias sociais.
Viu-se que o governo da extrema-direita, representado por Bolsonaro e seus apoiadores, se pautou pela destruição dos “mínimos necessários” para digna vida, com os retrocessos nos direitos humanos, especialmente nos direitos fundamentais sociais.
Mas, nesse 2020 que vem, as esperanças renovam-se porque o conjunto do povo brasileiro poderá compreender que o ato de votar é um importantíssimo momento de manter, ampliar, criar e efetivar direitos.
Condições estas, que são estabelecidas ou retiradas por leis feitas por cada um ou uma que nos representa nos parlamentos, fundamentalmente nas casas legislativas municipais.
As diversas condições das destruições promovidas pela extrema-direita, via Bolsonaro e apoiadores, são retratadas pela reeleita Presidenta do PT, Gleisi Helena Hoffmann, em artigo no jornal Folha de São Paulo e reproduzido pelo saite nacional de PT.
A seguir você pode ler o artigo muito esclarecedor sobre 2019 para praticamente toda a população brasileira: “O saldo de 2019 é positivo para o Brasil?
Não!
Se foi
ruim para o povo, não foi bom para o país”, afirmou Gleisi Hoffmann. Torço pelo
Brasil. Minha militância política, assim como a trajetória do PT, foi sempre dedicada a melhorar a vida do povo
brasileiro. Por isso afirmamos que 2019 não foi bom para o Brasil, porque foi
ruim para seu povo.
A vida da imensa maioria piorou sob o
governo da extrema-direita e sua agenda econômica neoliberal, que
só é exequível impondo limites e retrocessos à democracia. O país andou para trás na renda do
povo, na saúde, na educação, na defesa do meio ambiente, na
liberdade.
Nada se fez para conter o agravamento da
desigualdade num país que já concentra 28,3% da renda total nas mãos de 1% da
população, a mais indecente taxa do mundo junto com o Qatar, segundo a ONU. São esses que festejam uma “retomada”
econômica de fundamentos frágeis e imperceptível para a maioria.
No Brasil real de 2019, a renda dos mais pobres caiu,
a dos mais ricos subiu e a inflação
aumentou mais para o pobre que para o rico, de acordo com o Ipea.
O desemprego
ficou nas alturas, e quase 90% das ocupações criadas são informais, segundo o IBGE. A taxa de trabalhadores sem registro, sem
direitos e proteção social já ultrapassa 40% —sem falar dos desalentados que
nem ocupação têm. São estes que sofrem com o aumento dos combustíveis e do gás
de cozinha; e do abusivo preço da carne, que contamina o de todos os alimentos.
Falamos de 89,6% da população com renda domiciliar
per capita de até um salário mínimo.
É sobre ela que recai o fim do reajuste real do salário e a cruel taxação do
seguro-desemprego. E recairá a reforma injusta da Previdência que penaliza os trabalhadores e
mantém privilégios.
Não pode ser considerado bom para o país um ano em que
a educação foi declarada inimiga pelo governo. Um ano em que a população perdeu
os médicos cubanos, a
Farmácia Popular, 10 mil vagas de agentes de saúde e termina com o anúncio de
uma inédita redução nas verbas do SUS. Com um corte
de R$ 2 bilhões no Bolsa Família,
que não vai repor a inflação nem pagará o prometido 13º mês.
Como considerar positivo um ano em que a fome voltou a flagelar o país?
Não foi bom um ano em que o desmatamento aumentou 83%, com incentivo de um
governo que dilapidou nossa imagem junto aos ambientalistas e à comunidade
internacional. Em que posse, porte e uso de armas foram estimulados
criminosamente; líderes indígenas e sindicalistas foram assassinados;
professores e artistas, perseguidos; e mulheres,
pessoas negras e LGBTs sofreram violência.
No centro desses retrocessos está a imposição de um
modelo concentrador de riqueza e renda, excludente por princípio e que propõe o
desmonte do Estado —não só por meio da privatização selvagem de empresas como a Petrobras e riquezas como o pré-sal, mas pela destruição dos instrumentos de
construção da soberania
nacional, como os bancos públicos e o fomento à ciência e tecnologia.
Assusta, particularmente, o papel do Congresso Nacional,
em especial da Câmara
dos Deputados, como fiadora da implantação desse modelo que não deu
certo em nenhuma democracia. O ano de 2019 teria sido melhor, certamente, se as
instituições como um todo tivessem reagido à deliberada destruição do país e
das forças produtivas, que favorece os bancos e interesses estranhos ao Brasil,
mas compromete o presente e o futuro de gerações.
Além de continuar torcendo pelo Brasil, queremos
que 2020 seja o ano da reconstrução da esperança, com a anulação da sentença
injusta contra Lula e a retomada plena da
democracia.
Que seja um ano bom para o povo. É isso o que
verdadeiramente importa.”
Gleisi Hoffmann é deputada federal (PT-PR),
presidenta nacional do PT, ex-senadora (fev. a jun.2011 e fev.2014 a jan.2019)
e ex-ministra-chefe da Casa Civil (2011-2014, governo Dilma) - *Coluna originalmente publicada
na Folha de S. Paulo
https://pt.org.br/artigo-o-saldo-de-2019-e-positivo-para-o-brasil-nao/