Nessa quinta-feira, almoçando no bom restaurante
Catolé, na rua Brasília, em Arapiraca, ouvi de uma professora da escola
municipal 31 de Março, em frente, que na Venezuela tinha “ditadura danada”.
De logo, desconfiei do pouco conhecimento daquela mestra e da sua desinformação sobre o que realmente acontece naquele País, nosso vizinho e também perseguido pelas elites internacionais do petróleo.
Fiz-lhe algumas perguntas e as suspeitas se confirmaram.
Pensei: o que fazer com um ensino que tem uma professara desse (des)nível de conhecimento?
Então, comentei algumas informações sobre a Venezuela. Inclusive sobre a seriedade do processo eleitoral de lá. Observei que ela sequer sabia sobre a constituinte ali havida. Muito menos, quantas eleições naquele País aconteceram nos últimos tempos.
A seguir um texto sobre o processo eleitoral de lá que poderá esclarecer a quem se interessar pelo vida do vizinho, inclusive a nossa educadora.
“Venezuela, onde o voto é prá
valer
Eleições:
nas palavras de chanceler, pleito é mais uma demonstração do protagonismo
popular no país
Caracas –
No dia 10 de dezembro, os venezuelanos foram às urnas pela terceira vez em 133
dias. Pouco mais de 9 milhões de eleitores exerceram o direito ao voto e
elegeram 335 novos prefeitos e prefeitas, além de um governador para o estado
de Zulia. Com parte da oposição ausente do processo, esfacelada e aparentemente
sem rumo após o fracasso das guarimbas e as recentes derrotas eleitorais, o
chavismo conquistou 22 prefeituras das 23 capitais do país. Ao total, foram 308
prefeituras.
Para o
presidente Nicolás Maduro, o massivo número de eleitores que participaram do
sufrágio representa, sobretudo, um rechaço à guerra econômica imposta de cima
para baixo no país. Em especial, às sanções e ao bloqueio imposto pelos Estados
Unidos. “Cada voto dos venezuelanos, neste domingo, foi como um ‘basta!’ a
Donald Trump”, afirmou.
Sem
incidentes durante o dia da eleição, que transcorreu com absoluta normalidade,
Maduro destacou o fim da violência que assolava o país até pouco tempo: “Os
venezuelanos demonstraram seu compromisso com a paz e a democracia”. Após as
contundentes derrotas na campanha contra a Assembleia Nacional
Constituinte – saída constitucional escolhida pelo governo para fortalecer
a participação popular e restabelecer a paz no país – e nas eleições para
governadores, a oposição tem se pulverizado. O ‘racha’ público entre líderes da
Mesa da Unidade Democrática (MUD), Henrique Capriles e Henry Ramos Allup,
dissolveu a frente de oposição, isolando forças da direita.
Ao
contrário do que alardeiam os grandes meios de comunicação, que fazem oposição
sistemática ao processo vigente na Venezuela desde a ascensão de Hugo Chávez, a
oposição não se ausentou do processo eleitoral. Alguns partidos declararam, de
fato, que não participariam, convocando a população ao boicote. Mas diversas
figuras oposicionistas que integram a MUD apresentaram candidaturas
independentes ou por partidos menores. Para as 335 prefeituras, foram inscritas
cerca de 1.550 candidaturas, de diversas forças políticas e partidárias. A
primeira derrota, portanto, foi o chamado à abstenção apregoado por líderes da
direita, refletiu, em pronunciamento na segunda-feira (11), o Ministro da
Comunicação e Informação, Jorge Rodriguez.
A mídia
corporativa também omite que os setores ausentes do processo eleitoral são
justamente os que incitaram publicamente a onda de violência e caos que
resultou em destruição de colégios e de mais de 500 unidades de transporte
público, incêndio de prédios públicos e em dezenas de assassinatos – 21 pessoas
foram queimadas vivas por supostamente serem chavistas, sendo que nove delas
morreram.
O clima
gerado por essa situação colocou a Venezuela nas primeiras páginas de meios de
comunicação do mundo todo, levando a níveis extremos a pressão contra o governo
de Nicolás Maduro. Mas a expressiva votação na Assembleia Nacional Constituinte
– 8 milhões de cidadãos foram às urnas legitimar e escolher seus representantes
para a Assembleia plenipotenciária – e a acachapante maioria de governadores
eleitos pelo oficialismo (17 governadores em 23 estados) desmoralizaram os
líderes opositores, que perderam credibilidade e a confiança de parte da
população. Ao fim e ao cabo, a violenta e destrutiva estratégia da guarimba
fracassou.
“Somos
uma democracia vigorosa”, salienta Jorge Arreaza, ministro das Relações
Exteriores da Venezuela. “Por isso, talvez, incomodamos tanto os grandes
centros do poder”. Nas palavras de chanceler, o pleito é mais uma demonstração
do protagonismo popular no país, “que convoca o povo para tomar decisões
permanentemente”.
Observadores
internacionais exaltam ‘sistema inviolável’
Mais de
50 observadores internacionais de cerca de 20 países acompanharam as eleições
municipais de 10 de dezembro. O expediente é repetido pelo Conselho Nacional
Eleitoral (CNE) em todo processo eleitoral que organiza: são especialistas,
autoridades, magistrados, políticos e jornalistas com a missão de avaliar a
segurança, a transparência e a legalidade de todo o processo eleitoral. Ao fim
da missão, os observadores produzem relatórios detalhados, que são registrados
pelo CNE.
O sistema
venezuelano, cabe registrar, é considerado por órgãos internacionais e experts
como um dos mais seguros do mundo, a despeito da estrondosa reverberação
midiática às acusações, por parte de setores da oposição, quanto a supostas
fraudes nas urnas e irregularidades.
Para se
ter ideia, o equipamento de voto chega a ser auditado até 13 vezes do início ao
fim dos processos de votação. A identificação do eleitor é biométrica e, após a
confirmação do voto, a informação encriptada é lançada ao sistema e o cidadão
recebe não apenas a confirmação digital, mas também um comprovante impresso de
sua escolha para que seja conferido antes de ser depositado na urna.
A
apuração é feita rapidamente, possibilitando uma pronta divulgação do
resultado. Todo o processo passa por auditorias cidadãs e averiguações de
observadores internacionais e de todas as forças políticas envolvidas na
disputa eleitoral. O risco de fraude e erros, a partir desse conjunto de elementos,
é praticamente zero.
A missão
de acompanhamento internacional oferecida pelo Conselho Nacional Eleitoral
(CNE) inclui visitas ao local onde se produz os equipamentos de voto e a
diversos centros de votação, antes e durante o dia da eleição. Ao longo das
visitas e palestras, os observadores gozam de total liberdade para dialogar e
fazer consultas aos cidadãos incumbidos do serviço eleitoral.
Dois
prefeitos de cidades espanholas integram a delegação de observadores
internacionais. Juan Gil Gutierrez, prefeito de El Bonillo, em Albacete,
comentou sua experiência, lembrando que na Espanha a Venezuela ganha mais
manchetes que o próprio país europeu. “Dói na alma ver como se questiona a
Venezuela e sua democracia. A realidade é muito diferente do que contam”,
assinala.
Para a
autoridade ibérica, o protagonismo social no país latino-americano é um
elemento ausente nas democracias europeias: “Deveríamos copiar o sistema
eleitoral venezuelano, que é uma verdadeira expressão de liberdade”.
Felipe
Bianchi
Observadores internacionais
visitam centro de votação
Prefeito
de Córdoba, no sul da Espanha, Jose Luis Caravaca, também defende a exportação
do modelo venezuelano. “É um formato atualizado e moderno, que possibilita uma
leitura imediata dos resultados, além de ser auditado e permitir a participação
de todos os partidos políticos”. Para Caravaca, está claro que a visão que se tem
do país latino-americano, na Espanha e em outros centros de poder, é
distorcida. “O que nos mostram não corresponde à realidade da
Venezuela”,afirma. “Como observador, o que vi foi um trabalho limpo e que
garante total credibilidade”.
Durante
conversa com os prefeitos espanhóis e todos os observadores internacionais,
realizada no dia 9 de dezembro, Jorge Arreaza pontuou que dizer a verdade sobre
a Venezuela é um ato de coragem. “Principalmente quando há uma pós-verdade tão
dominante”, opinou o chanceler.
O
magistrado Alfredo Arevalo, professor da Universidade de Guayaquil e
ex-presidente do Tribunal Eleitoral do Equador, foi pontual: “O sistema
venezuelano é blindado e praticamente inviolável”. Membro do Conselho de
Especialistas em Eleições da América Latina (Ceela) e com ampla experiência em
acompanhamento de processos eleitorais, o equatoriano opina que a sofisticação
do processo é digna de “causar uma inveja sadia” nos demais países.
O
jornalista britânico Calvin Tucker mostrou-se impressionado com o sistema e com
o programa organizado pelo Poder Eleitoral da Venezuela a fim de brindar
informações, com transparência e profundidade, a uma ampla gama de estudiosos e
formadores de opinião de várias partes do mundo. “É impressionante e inevitável
não elogiar o sistema eleitoral da Venezuela”, afirma o jornalista do Morning
Star. “É um exemplo para a Europa e para o mundo”.
Coordenador
de um centro de votação em Caracas, José Francisco Barrio explicou à delegação
de observadores internacionais como é feita a instalação e como se dá o
funcionamento do equipamento. “Além de todo o trabalho organizativo do Conselho
Nacional Eleitoral, há também essa parte desempenhada pelo povo, pelo cidadão”,
diz. “Posso dizer com embasamento, por já ter trabalhado em diversos processos
eleitorais: temos um sistema muito seguro, principalmente por ser totalmente
digitalizado. O eleitor tem total controle sobre seu voto. É inviolável”.”
http://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2017/12/venezuela-onde-o-voto-e-pra-valer
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