Ganhou grande repercussão na imprensa escrita a
reportagem do jornal paulistano Valor Econômico que retratou sobre a situação ‘contábil’
do PT nacional.
A matéria informa que, em 2015, o PT teve mais de 46 mil novas filiações,
apesar de ter recebido também quase 18 mil desfiliações.
Esse crescimento da filiação partidária é um dos
fundamentos das preocupações da “oposição de direita”, que tenta a todo custo
acabar com o Partido que, visivelmente, melhorou as condições de vida da
população brasileira.
O partido também perdeu deputados para outros
partidos. 4 deputados saíram do PT para outros partidos, apesar da matéria
contabilizar a saída de 9 deputados. Todavia, 5 deputados não saíram do PT,
apenas pediram afastamento do exercício do mandato para exercerem cargos federais
ou em governos estaduais e municipais.
A seguir você lerá matéria sobre o tema, publicada
no saite Rede Brasil Atual.
“PT perde 9 deputados na bancada da Câmara em
2015, mas número de militantes cresce
Emenda constitucional aprovada em
dezembro e à espera de promulgação pelo presidente do Senado, Renan Calheiros,
vai estimular "um grande troca-troca partidário”, acredita analista do
Diap
São Paulo – Entre os três maiores partidos da
Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional, PMDB, PT e PSDB, a legenda da
presidenta Dilma Rousseff foi a que sofreu maior desfalque na legislatura
iniciada há um ano, após as eleições de 2014. O PT perdeu em 2015 nove
deputados, ou 13,2%, de sua bancada. Mas, na realidade, o índice é menos
preocupante para o partido quando se sabe que apenas quatro desses nove de fato
deixaram o PT rumo a outras legendas. Outros cinco se licenciaram do mandato na
Câmara para assumir postos no governo federal ou secretarias de governos
municipais ou estaduais e foram substituídos por parlamentares de outras
agremiações.
Os outros dois grandes partidos mantiveram suas
bancadas estáveis na casa. O PMDB “oscilou” para cima: elegeu 66
deputados e conta hoje com 68. Já o PSDB perdeu apenas um deputado, caindo de
54 para 53.
Seja como for, o cientista político Antônio Augusto
de Queiroz, diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria
Parlamentar (Diap), atribui o emagrecimento da bancada do PT e a desfiliação de
alguns de seus quadros a fatores políticos nítidos. “Uma das questões (dos
deputados que deixaram o partido) é a perda do espaço de alguns situados à
esquerda do espectro político dentro do partido. Eles vinham perdendo espaço em
função, por exemplo, de se contrapor ao ajuste proposto pelo Levy”, avalia.
Mas esta motivação não é o único fator. Queiroz
acredita que a timidez do partido e do governo diante dos ataques ético-morais
que responsabilizam o PT pela corrupção deixou alguns parlamentares em situação
delicada, inclusive diante de suas bases. “Havia deputados incomodados com a
situação, porque PT e governo não foram para cima, para dizer que as denúncias
de corrupção são mais produto de ações no sentido da transparência do que
propriamente do aumento da corrupção, e deixaram recair sobre o partido a pecha
de ser o responsável pela degradação moral do país.”
Para o analista, esses deputados insatisfeitos
avaliaram a situação diante de um quadro em que o governo e seu partido não
defenderam como deveriam as ações de transparência e combate à corrupção
promovidas por Dilma Rousseff. Queiroz cita, entre ações “extremamente
importantes que deram respaldo à transparência”, a Lei Geral de Acesso à
Informação (Lei nº 12.527/2011), a responsabilização de pessoas jurídicas por
atos contra a administração pública (Lei nº 12.846/2013), o combate à lavagem
de dinheiro (Lei nº 12.683/ 2012) e o combate ao crime organizado com previsão
de delação premiada (Lei n° 12.850/2013).
O diretor do Diap aponta ainda outras razões para o
incômodo de deputados que saíram do PT ou podem vir a sair. “Ao mesmo tempo,
tem a questão do ajuste fiscal. Os que saíram foram para agremiações novas –
como a Rede e Partido da Mulher Brasileira (PMB) – e também para ter mais
liberdade do ponto de vista da manutenção do compromisso com suas bases, muitas
delas ligadas aos movimentos sociais e trabalhadores.”
Mas, apesar da crise do partido, o PT ampliou o
número de filiados em 2015. Segundo matéria do jornal Valor Econômico de
ontem (7), o Sistema de Filiados (SisFil) da legenda registrou a saída de 18
mil integrantes, mas também a entrada em suas fileiras de 46 mil novas pessoas
(saldo positivo de 28 mil). Já segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o
partido tinha 1.586.699 filiados no fim de 2014, chegando a 1.590.479 em
novembro de 2015 (saldo de 3.780).
Os ex-deputados petistas Assis do Couto (PR),
Toninho Wandscheer (PR) e Weliton Prado (MG) migraram para o PMB, enquanto
Alessandro Molon (RJ) deixou o PT para se filiar à Rede, de Marina Silva. No
caso de Molon, como ele mesmo afirmou à RBA na ocasião, problemas em seu
estado foram determinantes para a troca de partido. O PMB é um caso
impressionante: com pouco mais de três meses de existência, ele já tem 21
deputados. Mas o PMB não tem densidade ideológica – aglutina ex-petistas
e parlamentares a favor do impeachment, como Major Olímpio, ex-PDT – e tem
quase nenhuma representatividade feminina. Sua bancada de mais de duas dezenas
de deputados conta com apenas duasmulheres: Damina Pereira e Bruniele Gomes (mais
conhecida como Brunny), ambas de Minas Gerais.
PSDB e PMDB
Os fatores que mantiveram as bancadas de PSDB e
PMDB estáveis ou muito pouco modificadas desde o início de 2015 são diferentes.
Os deputados do partido do senador Aécio Neves, derrotado por Dilma em 2014,
“não tinham motivação para sair, pela perspectiva de poder que eles imaginam
ter na oposição”, diz Queiroz.
“Já no caso do PMDB, este é um partido que, embora
com dimensão nacional, é muito regionalizado. Quem sai do PMDB sempre perde
muito, porque ele tem uma geografia bem definida no sentido de distribuição de
espaço.”
Na opinião do cientista político, os peemedebistas
têm “uma espécie de acordo” pelo qual loteiam o estado entre os que sempre se
elegem. “Não é interessante deixar o partido, do ponto vista eleitoral, por
mais desgastante que seja a relação com a direção nacional. O PMDB não perdeu
bancada em função disso.”
Legislação
O analista aponta mudanças na legislação que vão
favorecer ou estimular a troca partidária. Uma é a própria lei eleitoral, que
agora prevê que o político pode mudar de partido faltando seis meses para a
eleição (era um ano). Mas essa legislação não exercerá influência sobre
deputados e senadores, e sim nas eleições municipais, em outubro.
Já a PEC 113, aprovada pelo Senado, só depende de
ser promulgada pelo presidente da casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), para entrar
em vigor. Ela vai abrir prazo para mudança de partido nos 30 dias seguintes a
sua publicação. “Essa emenda vai provocar, na minha avaliação, um grande troca-troca
partidário”, prevê Queiroz.
Para ele, “o PSB é um dos que serão fortemente
beneficiados com esse possível troca-troca”. A legenda tem hoje 34 deputados.
“E acredito que o PT tende a perder mais quadros com essa janela.”
Publicação: http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2016/01/um-ano-depois-de-iniciada-nova-lgislatura-pt-tem-nove-deputados-a-menos-9294.html”
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