O golpe institucional foi aplicado à presidenta Dilma Vana Rousseff.
No entanto, os golpistas estão envergonhados e não querem assumir que praticaram
um golpe. Os golpistas atuam na lógica de qualquer espécie de malandro, que
pratica a má ação ou omissão, mas nega ou tenta esconder.
Aqui, em São Sebastião, já assistimos a esse filme “Negar ou Esconder”. É
só alguém refletir sobre alguns fatos.
Todavia, com medo das consequências, os golpistas tentaram mudar a
narrativa da história do golpe, mas não deu certo e estão a brigar entre eles,
em diversos quadrantes.
A seguir você poderá ler um belo texto com 5 motivos sobre o golpe
institucional aplicado, escrito por professores e professa, que desmascaram as
conversas golpistas:
“Cinco motivos para gritar: ‘É golpe’ e ‘Fora
Temer’!
O golpe
não é apenas parlamentar, mas uma articulação entre as elites econômicas e
políticas mais atrasadas do Brasil, um verdadeiro golpe de classe contra os
interesses dos trabalhadores e das minorias. A participação de setores da mídia
e do judiciário ajudou a criar a narrativa de que era democrático e necessário.
Ana Luíza Matos de Oliveira - É economista (UFMG), mestra e doutoranda em Desenvolvimento Econômico (Unicamp). Colaboradora do site Brasil Debate
1) NÃO HOUVE CRIME DE DILMA
Talvez o maior motivo para gritar GOLPE é o fato de
que só pode haver impeachment de um governante caso ele tenha cometido CRIME DE
RESPONSABILIDADE. Ao contrário do que muitos foram levados a acreditar, Dilma
não foi julgada por atos de corrupção.
Diga-se de passagem, ela nunca foi
acusada de tais atos, ao contrário dos que a julgaram, como bem apontou quase toda imprensa internacional.
Também não foi julgada por ter feito um mau governo, até por que esse fato se
corrige nas urnas, não através de impeachment.
A acusação que levou ao impeachment da presidenta
Dilma foi a edição de três créditos suplementares, de valores irrisórios no
gasto público total, que não aumentaram o gasto público e que estavam totalmente respaldados pela
lei até o momento de sua edição.
Tanto é assim que até o Ministério Público Federal,
ao investigar o caso, admitiu que não havia crime de responsabilidade cometido
pela presidenta da República. No caso das chamadas “pedaladas fiscais”, além de
não configurarem crime de responsabilidade (como bem disse o MPF), foram atos
praticados por ao menos 17 governadores em seus
mandatos, dentre eles o relator do impeachment Antônio Anastasia (PSDB) e o
governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) .
O pretexto dos créditos suplementares é tão
supérfluo quanto irrelevante. Em 2015, o governo fez o maior ajuste fiscal da história.
Como bem disse o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, foi um ano marcado pela
contenção de gastos e pelo ajuste recessivo, pagando ao final do período TODAS
as contas em atraso do governo federal.
A retórica de que o desleixo fiscal
levou à crise econômica é absurdamente falsa. A crise econômica levou à crise
fiscal, e o rigor fiscal de Dilma foi o combustível da crise.
2) O VICE É UM TRAIDOR
Nem o então político americano Frank Underwood da
série House of Cards conspirou tão abertamente contra um presidente eleito, a
ponto dos criadores da série fazerem piada com a política
brasileira e o vice golpista.
Desde o ridículo episódio da
carta pública em que Temer reclamava da “desconfiança infundada”
da presidenta, passando pela divulgação “não intencional” de um vídeo falando como presidente mesmo antes da
votação do golpe, o golpista não teve nenhuma vergonha de puxar o tapete de
Dilma ao longo de todo processo de impeachment.
Guilherme Santos Mello - É professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (CECON-UNICAMP).
Guilherme Santos Mello - É professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (CECON-UNICAMP).
3) EDUARDO CUNHA É O LÍDER POLÍTICO DO GOLPE
O herói do golpe foi eleito presidente da Câmara
com o apoio do PSDB e do “centrão” para desestabilizar o governo em conchavo
com Temer e a oposição. Ele aceitou o processo de impeachment como mera retaliação ao PT, que
havia anunciado que votaria pela cassação do deputado, notoriamente corrupto e
portador de contas ilegais fora do país .
Ter em Eduardo Cunha o mentor político do impeachment é uma mancha que os
golpistas terão que carregar o resto da vida.
4) O GOLPE É O REFÚGIO DOS CORRUPTOS E OLIGARCAS
Mudar o governo foi uma estratégia de conveniência
dos corruptos para “estancar a sangria”, como
disse o ex-ministro interino golpista Romero Jucá. Hipócrita, o golpe “contra a
corrupção” produziu um governo recheado de investigados pela operação Lava Jato.
Além de vários corruptos, a totalidade dos ministros de Temer são homens, brancos, velhos e ricos.
Pedro Rossi - É professor do Instituto de Economia da Unicamp, diretor do
Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp e
coordenador do Conselho Editorial do Brasil Debate.
5) O GOLPE TEM MOTIVAÇÕES ECONÔMICAS E VISA A DESTRUIR DIREITOS
O governo interino mal assumiu o poder e já mostrou
a quem serve. A lista de retrocessos é longa: “Privatizar tudo o que for possível”,
desmontar o SUS, reduzir
salários, desvincular as aposentadorias do
salário mínimo, entregar o pré-sal para os
estrangeiros, desvincular recursos da educação e saúde, reformar a previdência para
aumentar o tempo de trabalho, flexibilizar os direitos trabalhistas,
retroceder na reforma agrária e na
demarcação de terras indígenas etc. Todas mudanças que
favorecem os ricos em detrimentos dos pobres e dos trabalhadores, que acabarão
pagando “a conta” da crise, mesmo sem perceberem.
Assim, quer se consolidar o
projeto do golpe, que é implementar um modelo privatista e concentrador do
ponto de vista social.
Por fim, cabe lembrar que o golpe não é apenas
parlamentar, mas uma articulação entre as elites econômicas e políticas mais
atrasadas do Brasil, um verdadeiro golpe de classe contra os interesses dos
trabalhadores e das minorias no Brasil.
A participação de setores da mídia e do
judiciário foi fundamental para consolidar o golpe, em particular ao criar uma narrativa
supostamente neutra e repetida em uníssono diariamente para a população de que
o golpe era justificado, democrático e necessário.
Basta perceber que aqueles veículos da grande mídia que olham o processo político de fora não têm dúvida: foi golpe!
Basta perceber que aqueles veículos da grande mídia que olham o processo político de fora não têm dúvida: foi golpe!
E fora Temer! ”
http://brasildebate.com.br/cinco-motivos-para-gritar-e-golpe-e-fora-temer/
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