Diz
a filósofa, professora e escritora Márcia Tiburi.
O debate sobre a descriminilização do abortamento é uma luta pela melhoria das condições e da atenção da saúde pública.
Essas lutas vêm de longe e todas as mulheres sabem da
sua importância, apesar dos preconceitos e da discriminação e até de determina
hipocrisia.
Segundo sérios estudos,
praticamente, se não toda mulher, mas todas as famílias sabem que aconteceu algum
abortamento por bem perto, mesmo quando si fica muito bem calado.
O
silêncio decorre da desinformação e do medo da discriminação e mesmo de
responder a um injusto processo criminal.
Como sempre teve a coragem de
enfrentar e combater as injustiças e lutar pelos direitos das mulheres, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou estrondos quando mais uma vez
disse a verdade ou o "óbvio", como diz Márcia Tiburi.
Ela escreveu, publicou e
publicizou um excelente artigo sobre a fala de Lula e essa questão do aborto,
no excelente saite Brasil247. Abaixo, você leitor ou leitora poderá ler e
imprimir, também ouça o áudio da entrevista ao portal:
"Lula e o aborto
‘Entre canalhas patriarcais, quem fala a favor dos
direitos das mulheres será crucificado’, escreve Márcia Tiburi.
Lula falou sobre o aborto e foi ferozmente atacado
como qualquer pessoa que defende a legalização dessa prática em um país
patriarcal e de ódio às mulheres como é o Brasil.
Opositores viram em sua colocação a chance de atacá-lo publicitariamente, pois Bolsonaro está atrás de Lula nas pesquisas e com alto índice de rejeição.
A imprensa golpista também aproveitou para bater
no político cuja vitória para a eleição presidencial em 2022 parece a cada dia
mais inevitável.
A imprensa oligárquica quer vê-lo derrotado a
qualquer custo depois que o candidato fabricado no judiciário do Paraná e no
ministério da justiça de Bolsonaro deu literalmente em nada.
Lula disse o óbvio sobre o aborto, mas em tempos fascistas “serás condenado por dizeres o óbvio”. O óbvio é que o aborto é uma questão de saúde pública.
O óbvio é que a população feminina precisa desse
direito assegurado, até porque o aborto legal em um hospital é mais seguro e,
consequentemente, mais econômico, pois o aborto na clandestinidade também leva
mulheres ao hospital e, constantemente, à morte, aumentando os problemas do
governo e das famílias em todos os níveis.
O óbvio é que as mulheres de todas as raças,
classes e religiões abortam.
O óbvio é que até mulheres conservadoras, e que são
contra o aborto, abortam.
O óbvio é que o aborto é um tabu na sociedade patriarcal que controla o corpo das mulheres e quer decidir sobre a procriação que é uma potência do corpo feminino que deveria poder decidir por si mesmo em ima sociedade que respeitasse os indivíduos femininos.
O óbvio é que seria
muito melhor não ter que fazer aborto, assim como seria muito melhor não
engravidar quando não se deseja.
O óbvio é que mulheres não deveriam ser estupradas
e que melhor seria não precisar abortar porque sofreram tal violência abjeta.
O óbvio é que entre canalhas patriarcais, quem fala
a favor dos direitos das mulheres será crucificado.
Lula está sendo atacado como as mulheres que
defendem direitos das mulheres sempre foram atacadas por defender o direito ao
aborto seguro e legal.
Ivone Gebara, freira feminista, teóloga, filósofa e
religiosa da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora, vem defendendo as mulheres
vítimas da ilegalidade do aborto há décadas.
Há anos, Gebara, como tantas outras feministas que
defendem o aborto (entre elas Debora Diniz e até mesmo a autora desse artigo) é
atacada por setores fundamentalistas.
O aborto vem sendo tratado como tema político e
religioso, quando deveria ser tratado como questão de saúde pública.
Assim, Gebara escreveu que "os incautos e
ingênuos defensores da vida assim como os perversos políticos extremistas
entram e alimentam o jogo político montado e armam uma nova polêmica em torno
do aborto".
Vamos incluir a imprensa oligárquica na produção
dessa polêmica, uma imprensa que não está do lado das mulheres e nem da
democracia, diga-se de passagem, mas como setor do poder, está apenas
favorecendo interesses econômicos dos seus parceiros de classe e patrocinadores
de sempre.
Já Lula, ele está do lado das mulheres e, nesse
momento, sobra a velha misoginia, ou seja, o discurso de ódio contra as
mulheres, também para ele.
Eis a violência em escala variada de canalhice que
se constitui na básica estratégia de poder do patriarcado a ser superado.
Ao Lula, as mulheres brasileiras só podem agradecer por não ficar calado diante da injustiça."
O áudio - https://www.youtube.com/watch?v=IoGB3FP-3TI
- https://www.brasil247.com/blog/lula-e-o-aborto