E ATÉ DE ALGUNS SEUS EMPREGADOS
Nesse dias de fim de anos, o presidente Bolsonaro voltou a agredir a ex-presidenta Dilma Vana Rousseff.
Moisés Mendes de o Jornalistas pela Democracia escreveu texto que
"O que Miriam Leitão não disse sobre Dilma Rousseff
"Miriam Leitão quis dizer que também ela
resistiu à ditadura e aos extremistas de direita", segundo o jornalista
Moisés Mendes. "Mas não diria que, muito antes de agosto de 2016, ajudou a
criar as circunstâncias que trouxeram os extremistas de volta ao poder"
A jornalista Miriam Leitão fez uma concessão a
Dilma Rousseff, com quem discorda de quase tudo. São discordâncias de fundo,
não de superfície, porque envolvem questões fundamentais da política, da
economia, das relações humanas e dos compromissos com a democracia e o povo.
Mas Miriam Leitão mostrou que concorda com Dilma em
uma questão. A jornalista defendeu Dilma dos ataques de Bolsonaro, que debochou
esta semana dos torturados pela ditadura.
O sujeito voltou a exigir provas de que Dilma
sofreu torturas, como se as vítimas dos carniceiros a serviço dos generais
recebessem fotos, recibos e declarações oficiais de que foram torturadas.
Miriam falou de Dilma nesta terça-feira, no
programa Estúdio i, da Globo News, com a autoridade, segundo a apresentadora
Cecília Flesch, de quem também sofreu torturas na ditadura.
Esse é o detalhe. A apresentadora enfatizou que
Miriam “pode falar de cadeira” sobre torturas. E Miriam falou, legitimada pelo
seu lugar de fala, sem dizer em momento algum que também havia sido presa e torturada.
Miriam passou pelo mesmo sofrimento. Ela não disse,
mas foi como se tivesse dito: eu sei o que você passou, mas não preciso dizer
que também passei.
Foi correta, não quis se apresentar como vítima.
Mas faltou algo. Dilma só é atacada com frequência por Bolsonaro por suas
posições e por suas ações políticas. Não por ideias abstratas e palpites, mas
por suas ações.
Dilma incomoda Bolsonaro e a extrema direita pelo
conjunto da obra, mas a isso Miriam Leitão não fez referência.
Elogiou Dilma genericamente e se referiu
especificamente apenas ao fato de que seu governo criou a Lei do Acesso à
informação, em nome da transparência no setor público.
Mas não falou nada sobre os programas sociais,
sobre a ampliação do acesso à universidade pública, o ProUni, o Fies, sobre o
Mais Médicos, o Minha Casa Minha Vida.
Nada sobre ações que incomodaram a direita e a
extrema direita de Bolsonaro. Se Dilma fosse apenas uma ex-militante
clandestina, talvez Bolsonaro e seus cúmplices não estivessem preocupados com
ela.
Mas Dilma foi eleita e inventou de querer governar
e desafiar o fascismo. Desafiou tanto que teve de ser golpeada pelos grupos que
acabaram depois aliando-se a Bolsonaro, um golpista menor, porque medíocre, mas
útil à consolidação da trama.
Essa Dilma passou longe do discurso humanista de
Miriam Leitão, que qualquer democrata poderia e deveria fazer.
Miriam se solidarizou com a torturada que ela
depois ajudou a derrubar, como integrante dos times de lavajatistas da grande
imprensa encarregados da desconstrução de Lula, do PT e de Dilma.
Dizer que se solidariza com quem sofreu torturas é
ser óbvio. Miriam Leitão demonstraria grandeza se dissesse que Dilma continua
sendo torturada, agora por Bolsonaro, pelo que foi e pelo que continua sendo.
Miriam Leitão quis dizer que também ela resistiu à
ditadura e aos extremistas de direita. Mas não diria que, muito antes de agosto
de 2016, ajudou a criar as circunstâncias que trouxeram os extremistas de volta
ao poder.
Também não disse que Dilma continua, na sua
essência, sendo o que sempre foi e que esse é o preço a ser pago pela lealdade
à sua própria história. Por isso eles torturam Dilma sem parar."
https://www.brasil247.com/blog/o-que-miriam-leitao-nao-disse-sobre-dilma-rousseff